Em uma das palestras do Parlamento Amazônico na tarde desta quinta-feira, 20, no plenário da Assembleia Legislativa de Roraima, o presidente do Movimento Solidariedade Ibero-americano, sociólogo e jornalista Lorenzo Carrasco, disse que Roraima é o estado mais castigado da Amazônia e sofre com a falta de terras para produção.
Conforme o sociólogo, para se desenvolver, o Estado precisa ter território porque isso é o que garante as atividades produtivas. “O Estado não pode se sustentar, e o governo tem em suas mãos 80% de funcionalismo público”, afirmou.
Carrasco lembrou a reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo na época em que havia o impasse sobre a demarcação contínua da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, quando, conforme relatou, o então presidente Lula teria dito que estava recebendo pressões internacionais para demarcação em forma contínua.
“A partir disso, entende-se qualquer coisa, se o presidente da República é capaz de reconhecer que a pressão internacional faz ceder às organizações não-governamentais um território do tamanho da Raposa, pode-se compreender o que se passou na região Yanomami no período em que o presidente era Fernando Collor de Melo”, disse.
Conforme o sociólogo, Roraima é um estado virtual que não tem condições de sobrevivência e que está de “pires na mão” para o Governo Federal e não pode desenvolver uma política própria por condições internacionais. “Roraima foi entregue com compromissos internacionais”, denunciou.
Sobre a solução para esse problema, o sociólogo citou o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército Brasileiro, que declarou haver um “déficit de soberania na Amazônia”. Para Lorenzo Carrasco, além do déficit de soberania, há também um déficit de patriotismo. “Não falo isso somente com relação à população da Amazônia, mas de todo o País, porque é necessário que todos entendam e defendam a região”, destacou.
Ressaltou que estados como São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, por exemplo, têm seus próprios interesses, mas é a Amazônia que unifica todo o Brasil. “O que é comum a todos é a Amazônia. Se a perdermos, vamos perder a alma, o sentimento nacional e isso venho discutindo nos últimos 20 anos. Sou mexicano, mas moro aqui há muitos anos, meus filhos nasceram aqui e tenho delegação de poderes deles para falar o que falo”, enfatizou.
FUNAI – Na palestra, Lorenzo Carrasco citou a Fundação Nacional do Índio (Funai), que não enviou nenhum representante para participar do Parlamento Amazônico em Roraima. Disse que perguntaria ao presidente da Funai, João Pedro da Costa, quais as providências do órgão federal para defender os índios dos narcotraficantes. Segundo ele, policiais que atuam na região Amazônica já declararam que o narcotráfico está convertendo índios em traficantes. (R.R)