Política

Suely Campos anuncia Neudo como chefe da Casa Civil a partir de janeiro

Governadora eleita reafirmou realização de auditoria nas contas do Estado e elegeu Saúde e Segurança Pública como prioridades

O ex-governador Neudo Campos (PP) será o novo chefe da Casa Civil a partir de janeiro do próximo ano. O nome dele foi o único da futura equipe de governo anunciado pela governadora eleita Suely Campos (PP), ontem pela manhã, durante entrevista coletiva. Também será Neudo quem vai coordenar o processo de transição de governo acompanhado por um grupo de técnicos de várias áreas.
Suely disse que vai propor ao atual governador, Chico Rodrigues (PSB), a antecipação do processo de transição para o próximo mês, uma vez que tal processo foi anunciado por ele, à imprensa, para meados de dezembro. “Queria que começasse em meados de novembro, porque precisamos de dados, informações que serão necessárias para dar um rumo para a governabilidade a partir de 2015”, declarou.
Ela aproveitou para agradecer a votação de domingo e disse que entende a grande expectativa em torno do novo governo, mas reafirmou o compromisso de atender as propostas apresentadas no decorrer da campanha eleitoral. Também destacou o que chamou de avanço na conscientização política do eleitorado local, que “pela primeira vez disse não à força do poder econômico”, em referência ao fato de a “máquina do governo” ter perdido as eleições.
AUDITORIA – A governadora eleita reafirmou o que havia dito durante a campanha sobre auditar todas as contas públicas. Disse que, ainda em janeiro, vai contratar uma empresa de renome nacional para fazer esse trabalho. “De forma isenta, sem informações contaminadas, que faça um trabalho legítimo e confiável”, disse ao salientar que os dados da Fundação Getúlio Vargas, da consultoria contratada por Chico Rodrigues, não devem ser utilizados.
Questionada sobre a estratégia para alinhar o Orçamento 2015 à sua visão de gestão, já que o atual governador informou à imprensa que o projeto está praticamente desenhado, Suely disse que já começou a conversar com os deputados estaduais em mandato para rever alguns pontos e ter espaço para opinar nas áreas de interesse do novo Governo.
“Também vamos fazer isso com parlamentares federais, porque já começaram a trabalhar o Orçamento da União para o próximo ano. Será importante ter uma primeira conversa, saber o que eles estão pensando para o governo em 2015”, disse ao complementar que vai ajustar a máquina administrativa, sem citar detalhes sobre essa ação, com vistas a garantir seu funcionamento. “Vamos gastar o que podemos gastar. Essa é a grande estratégia para garantir a governabilidade”
Suely disse ter iniciado uma conversa com alguns deputados eleitos com o intuito de formar uma bancada forte e que siga as diretrizes do novo governo dentro da Assembleia Legislativa de Roraima. “Vamos avançar nessa conversa. Precisamos realmente ter uma bancada que permita que nossos projetos passem por lá e sejam aprovados”, disse.
ENDIVIDAMENTO – A governadora eleita disse que vai analisar os empréstimos tomados pelo Estado e os números reais do endividamento do governo e deixou um questionamento no ar: “Ver onde foi gasto, como ficou endividado dessa forma, avaliar. Se for comprovado que esse recurso foi para beneficiar a população, tem entrada e destino, vamos garantir. Agora, se não tiver…”
PRIORIDADE – A Saúde e a Segurança Pública serão as primeiras áreas a receber atendimento prioritário do novo governo, segundo Suely Campos. Ela classificou as duas questões como “importantes e emergenciais”. Sobre a segurança, citou a situação do sistema prisional em Roraima e comentou a fuga de presos ocorrida no domingo, quando aconteceu o segundo turno das eleições.
“É preciso adotar medidas rigorosas e dar condição para que não ocorra mais o que está ocorrendo, fugas que causam total insegurança para a população, adequar todo o sistema no primeiro momento. Temos condição subumana, estamos tratando de seres humanos, mas estão amontoados”, disse ela ao citar gargalos na parte administrativa do sistema.
Suely anunciou projeto para a construção de uma nova penitenciária, de forma a atender a demanda reprimida do setor. “A senadora Ângela Portela [PT] viabilizou recursos para a construção de uma nova penitenciária, mas o Governo do Estado não fez o projeto e o recurso não veio para a obra. Temos que terminar a construção da Cadeia Pública de Rorainópolis, que está com a obra parada. São cuidados que vamos ter imediatamente a partir de janeiro para garantir segurança à população de Roraima”, declarou.
Neudo Campos vai pedir que seja antecipada a transição de governo
Coordenador do processo de transição entre os governos, anunciado ontem, pela manhã, o ex-governador Neudo Campos (PP) disse, durante entrevista, que vai pedir ao atual governador, Chico Rodrigues (PSB), a antecipação da transição de governo.
Ele elogiou a “forma cortês” com a qual a questão foi abordada pelo governador, mas salientou que 15 dias é pouco tempo para tratar da questão. “Vamos buscar a compreensão do Chico porque realmente são muitas informações. Apenas 15 dias não serão suficientes. O ideal seria a partir de meados de novembro”, disse ao lembrar que a equipe de transição deve abordar todas as áreas do governo.
“Temos que saber quais recursos estão disponíveis, analisar, com clareza e profundidade, a questão da Lei de Responsabilidade Fiscal, quanto se compromete com a folha de pessoal, que relação é essa. São dados que agora não temos e precisamos para, inclusive, planejar como vamos trabalhar a partir de 1º de janeiro”, argumentou.
Neudo admitiu que o Orçamento de todos os poderes vai precisar ser “congelado”, ou seja, não haverá crescimento anual, que geralmente chega a 10%. “Vamos buscar a compreensão de cada órgão no sentido de congelar os números de repasses do duodécimo. Não há como não fazer isso diante da situação financeira do Estado. Não sabemos quanto, mas sabemos das dificuldades terríveis do comprometimento das contas do governo”, comentou.
Sobre os desafios do novo governo, ele citou a questão do investimento no setor produtivo por meio da assistência técnica e do apoio do governo na disponibilização de insumos que incentivem o pequeno produtor, de modo a movimentar a produção.
“Temos que encontrar meios de financiar insumos que vão permitir safras para exportar para Manaus e Venezuela. No mês de setembro, passaram R$ 63 milhões em carne exportada de Rondônia para a Venezuela. Cruzaram Roraima de Sul a Norte, rumo a Pacaraima, e depois Venezuela. Vendo isso, como é que alguém pode não se perguntar por que essa carne não foi vendida por Roraima? O governo precisa dar as mãos ao setor produtivo, dotar de condições para progredir, seja na pecuária, piscicultura, que está avançando a passos largos por iniciativa exclusiva de empresários”, destacou.