Política

Telmário define estratégias para reverter processo de impeachment no Senado

Senador foi escolhido para integrar a comissão que irá julgar o possível impeachment da presidente Dilma Rousseff

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, o senador Telmário Mota (PDT) falou sobre a sua participação na comissão que irá julgar a possibilidade de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), no Senado Federal. A previsão é que nesta segunda-feira, 25, seja feita a ratificação dos parlamentares que compõem a comissão e eleição do presidente e relator do processo.

Único roraimense participante na comissão, o senador já adiantou que é contra o afastamento de Dilma e definiu as principais estratégias do grupo governista para reverter a situação. Conforme Telmário, agora é o momento que o Governo necessita “lutar com as armas que disponibiliza para estabelecer a verdade e sensibilizar aqueles que têm compromisso com a nação brasileira”.

“A maioria dos partidos está abraçada em uma causa, mas não é para defender a democracia, a legalidade, a constituição”, declarou. Segundo Mota, a sociedade pôde ter uma visão das motivações dos políticos brasileiros durante a votação do processo na Câmara dos Deputados.

“O mundo inteiro ficou horrorizado de ver cada parlamentar daquele usar dez segundos seu para ir lá e poucos deles falarem ligeiramente sobre ‘pedaladas’ fiscais. Os demais todos eram ‘por isso, por aquilo, pelo papagaio, pelo torturador’, quer dizer, fizeram um verdadeiro carnaval de hipocrisia”, relatou Telmário.

Em razão disso, o senador acredita que o processo correrá diferentemente no Senado, com mais ênfase nos termos técnicos do processo. “Obviamente que o Senado é diferente da Câmara, nós não trabalharemos com essas emoções todas, estaremos atentos quanto às alegações da oposição”, disse Telmário.

“Quando eles dizem que ela [presidente Dilma] fez seis créditos sem a autorização do Congresso, não é procedente isso. Está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e está na Lei Orçamentária Anual (LOA). Eles contingenciaram algumas rubricas para suprir outras, que é uma transferência natural. Não há aumento de despesa nenhuma, e mais do que isso, o próprio Congresso aprovou essa ação no final de 2015, uma lei que aumenta a meta fiscal. Estamos estudando muito bem para esclarecermos essas questões junto ao Senado”, pontuou o senador.

POSSÍVEL GOVERNO TEMER – O senador também pontuou sua preocupação com a possibilidade da governabilidade do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e comparou a conduta do parlamentar com a do então vice-presidente Itamar Franco, na época do afastamento do ex-presidente Fernando Collor.

“O Itamar Franco teve uma postura de estadista, hora nenhuma aceitou conversar sobre a possibilidade de ele assumir, só chegou a esse momento, de montagem de um grupo governista, quando o Senado já estava afastando o Collor. Hora nenhuma conspirou como o Michel Temer fez, que montou um quartel general”, criticou. “Ele não entra com voto popular e vai tomar medidas políticas, distribuir cargos, vai ter que entregar o pré-Sal, Caixa Econômica, Banco do Brasil e desidratar os projetos sociais que fazem inclusão, deixar que eles sequem até morrer”, declarou.

Sobre um possível apoio do PDT frente à possibilidade do governo Temer, o senador esclareceu que a ideia ainda não foi debatida e defendeu que o partido trabalha de acordo “com a constituição e a legalidade”. No entanto, Telmário declarou que não vê o vice-presidente com condições para governar o País.

“Eu não tenho nenhuma disposição de apoiar um governo desse por várias razões. Ninguém governa um país colocando lá vários ministros envolvidos em corrupção, um vice como o (Eduardo) Cunha, eu não posso concordar com isso”, justificou. Mota adiantou também que representantes do PMDB teriam entrado em contato com o senador com ofertas de parcerias, mas que negou as propostas.

Para finalizar, o senador argumentou que existe uma tentativa de culpabilizar somente uma parte do governo quanto à crise instalada no País, como se “somente a presidente Dilma fosse responsável pela corrupção no Brasil” e que, com o afastamento dela, os problemas seriam resolvidos.

“Hoje nós estamos vivendo uma crise econômica e uma impopularidade da presidente Dilma, mas isso não é motivo para afastamento. Agora era a hora do grupo assumir os erros, se organizar, inclusive chamar até a oposição para tentar tirar o País desta situação. Mas não. A oposição não quer correr o risco de perder na convocação de uma nova eleição. Então eles têm que dar o golpe”, concluiu. (P.C.).