Política

Telmário pede retirada de Jucá de Comissão de Relações Exteriores

O senador abandonou a sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado após chamar Jucá de ‘ladrão’

O ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) foi chamado de “ladrão” durante sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, que sabatinava Lineu Pupo de Paula, indicado para embaixador na Bósnia e Herzegovina na manhã dessa terça-feira, 10, no Senado Federal. O xingamento partiu do senador roraimense Telmário Mota (Pros) que pediu a palavra apontando que naquele ambiente havia um lobista [fazendo referência à Jucá] tentando favorecer um diplomata.

Um vídeo publicado pela assessoria de imprensa de Telmário Mota mostra sua inquietação ao ver o emedebista sentado à sua frente, num lugar que seria destinado para senadores. “Lamento que aqui na vaga de senadores tem um lobista, ex-senador, um cara acusado de corrupção. Desse jeito, eu me recuso a ficar aqui. Me retiro.”, levantando-se, e ambos trocaram farpas e xingamentos.

O senador contou detalhes da ocorrência para a Folha. “Ao chegar e perceber esse procedimento irregular dele, disse ao presidente da Comissão que não me sentiria confortável em me sentar ali com a pessoa que hoje é denunciada como agente de corrupção. O Estado que represento rejeitou ele nas urnas e eu não darei essa credencial. Ele não é senador por Roraima e não pode representar meu Estado. Me recusei a sentar junto dele”, enfatizou Mota.

O parlamentar esclareceu que o ex-senador estava na Comissão atuando como lobista para fazer com que os senadores decidissem a favor de suas sugestões. “Ao olhar as cadeiras da frente, reservadas aos senadores, ele estava sentado. Como ele hoje tem a função de lobista, estava lá fazendo lobby [atividade de influência, ostensiva ou velada] para dois embaixadores. Ele estava buscando uma interferência no processo de escolha que é de quem tem o cargo de senador. Esse camarada foi excluído, nas urnas, por tantas denúncias contra ele, então hoje não é mais senador. Que ele faça o lobby, mas fora da sala dos senadores. Dentro da sala eu acho um absurdo. Ainda mais sentado, dando pressão.”, ressaltou.

Depois de decidir sair da sala da Comissão, Mota disse ter ouvido uma piada e por isso deu início à discussão. “Eu me dirigi a ele e disse o que eu sinto e acho que ele é. Como o regimento do Senado permite que ex-senadores fiquem, pelo regimento não dava de tirar, e como é uma pessoa que não teve a sensatez de se retirar, eu não iria dar a ele essa cancha de estar sentado ao lado de um cara que não tem representação”, finalizou.  

A reportagem da Folha entrou em contato com o ex-senador Romero Jucá que, por meio de sua assessoria, disse que: “Não existe nenhum impedimento ou ilegalidade na participação de ex-parlamentares em audiências de Comissões. Ex-senadores são tratados como membros da Casa e, mesmo após o término de seus mandatos, possuem livre acesso às dependências do Senado Federal.”

A assessoria ainda informou que como justificado na própria reunião da Comissão de Relações Exteriores pelo seu presidente, o senador Nelsinho Trad, “o ex-senador Romero Jucá é amigo pessoal do diplomata Lineu Pupo de Paula que até pouco tempo atuava na embaixada da Guiana, país que mantem estreita relação diplomática com o Brasil e, especialmente, com o Estado de Roraima”.