União afasta Nicoletti de diretório; deputado diz que continua candidato

Direção nacional aceitou pedido de intervenção de Catarina Guerra, que briga com o parlamentar para ser a única candidata a prefeita pela sigla

Nicoletti, Pastor Diniz e Cláudio Cirurgião em entrevista coletiva na qual o União Brasil confirmou apoio a Bolsonaro no segundo turno em 2022 (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV/Arquivo)
Nicoletti, Pastor Diniz e Cláudio Cirurgião em entrevista coletiva na qual o União Brasil confirmou apoio a Bolsonaro no segundo turno em 2022 (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV/Arquivo)

A comissão executiva nacional do União Brasil aprovou nesta sexta-feira (16), por unanimidade, o pedido de intervenção por 180 dias no diretório municipal de Boa Vista, presidido por Nicoletti. Os dirigentes reconheceram que o deputado federal violou regras internas da sigla relacionadas à candidatura a prefeito da capital de Roraima.

A direção nomeou a comissão interventora formada pela deputada estadual Catarina Guerra – que briga com Nicoletti para ser a única candidata a prefeita pelo partido -, pelo deputado federal Pastor Diniz e pelos deputados estaduais Dr. Cláudio Cirurgião e Jorge Everton, além do filiado Mizael Mário Bros.

“O próprio União Brasil já comunicou o TRE-RR [Tribunal Regional Eleitoral] e o TRE já suspendeu todos os efeitos determinados por aquele diretório, já o inabilitou e, nas próximas horas, habilitará o diretório com essa nova comissão interventora. E a gente segue todos os passos, se mantendo na transparência, na legalidade, como candidata, fazendo o que o partido determinou”, explicou Catarina.

O senador Efraim Filho (PB) foi o relator do pedido de intervenção assinado por Catarina, Cirurgião, Diniz e Everton. Votaram a favor da solicitação nomes como os senadores Davi Alcolumbre (AP) e Sérgio Moro (PR) e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. A reunião foi comandada pelo presidente nacional da sigla, Antônio de Rueda.

No pedido, o grupo aponta descumprimentos de regras da direção nacional, como:

Os políticos também alegam que Catarina Guerra sempre manteve seu nome à disposição do partido, mas que sofreu resistência por parte de Nicoletti. Eles argumentam que a convenção municipal que aprovou o nome do deputado federal por 11 votos a seis violou as diretrizes nacionais da legenda.

Ainda conforme o documento, uma nova convenção para definir a candidatura do União Brasil, sem uma intervenção nacional, seria insuficiente para resolver a questão enquanto o deputado federal comandar o diretório municipal. Na opinião dos políticos, Nicoletti “tem colocado seus interesses pessoais à frente dos interesses do partido”. Eles enfatizam que uma possível intervenção não prejudicaria eventual processo disciplinar contra o parlamentar.

O que diz Nicoletti

Nicoletti enviou um vídeo à Folha, no qual diz que a intervenção é um “ato sorrateiro” articulado pelo senador Dr. Hiran (Progressistas), sem nominá-lo, e afirmou que a decisão nacional não anula sua candidatura a prefeito. “Uma intervenção temporária, dentro do diretório municipal apenas, onde a minha candidatura permanece. Não é essa interferência da executiva nacional que vai retirar minha candidatura”, disse.

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