Após tomar posse na Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV), o vereador Wagner Feitosa (SD) concedeu coletiva de imprensa onde acusou o suplente da sua vaga, Alan do Povão (SD), de tramar para a perda do seu mandato e até de ameaça-lo de morte, entre outras acusações.
A coletiva de imprensa ocorreu no plenarinho da Câmara Municipal na manhã de sexta-feira, 28. Na ocasião, o parlamentar falou sobre o seu retorno às atividades na Casa, mas principalmente sobre os acontecimentos que antecederam a sua prisão.
Segundo o vereador, as três pessoas que foram denunciá-lo junto ao Ministério Público do Estado (MPRR), sob acusação de envolvimento em organização criminosa, eram associados a Alan do Povão.
“Direcionados, foram ao Ministério Público me acusando de fazer parte de facção e induziram o próprio Ministério Público ao erro, o que acabou causando a minha prisão”, relatou.
Feitosa alega que o objetivo era para ele ser afastado do cargo, para Alan assumir a sua vaga. Supostamente, neste período, para garantir a permanência do suplente na Câmara, sofreria uma tentativa de assassinato.
“Eu ia morrer como bandido. Eles iam me matar. Iam dizer que ‘quem matou foi a facção. Foi um acordo’. E o Alan ia assumir o cargo de vereador e não sairia mais. Esse era o plano para sentar na cadeira de vereador”, declarou.
Questionado do motivo da suspeita de ameaça de morte, o vereador afirmou que soube das próprias testemunhas. “Eles mesmo [disseram]. Eu soube. Nunca negaram. É tão verdade que eles foram bem claros dizendo que eu ameaçava eles, que eu era de facção, que eu era uma pessoa perigosa”.
O advogado do vereador informou que deve adotar medidas judiciais contra as três testemunhas. Já Feitosa completou que irá registrar um boletim de ocorrência para garantir a sua segurança e da sua família.
“Confesso a vocês que tenho medo. A minha família correu risco de morte, passando por vários problemas. A maneira que eu fui acusado foi muito grave. É um processo muito doloroso, mas vou voltar aos poucos, sempre focando nos meus projetos voltados para o social”, finalizou.
Alan do Povão garante que assumiu vaga por direito
Suplente negou as acusações e disse que não tem ligações com investigação de Feitosa (Foto: Priscilla Torres/FolhaBV/Arquivo Folha)
À Folha, Alan do Povão se pronunciou sobre as acusações de Wagner Feitosa, negou as supostas ameaças de morte e informou que apenas assumiu seu cargo como suplente na Câmara Municipal de Boa Vista.
“Eu não tenho nada a ver com essa situação. Não fui eu que investiguei ele. Eu simplesmente assumi uma vaga de suplente, de direito meu. Ele está me julgando, dizendo que eu o ameacei de morte. Eu não faria isso. Isso é um absurdo, ele está equivocado. Quer fazer essa cena de ‘bom moço’”, afirmou.
O suplente também questionou a rapidez com que Wagner retornou para a Casa, argumentando ainda que o mesmo teria faltas o suficiente para impedir seu retorno à Câmara. “Ele teve 480 faltas e mesmo assim voltou. Foi tudo muito rápido”, reclamou.
O suplente afirmou que também vai adotar as medidas cabíveis na Justiça frente às acusações de Feitosa, mas ressaltou que pretende continuar seu trabalho junto à população mais vulnerável. “Sempre tive o meu trabalho voltado para o povo. Pretendo focar no trabalho, levantar a cabeça. Vida que segue”, concluiu Alan.
“Estou tranquilo, estou feliz pelos cinco meses que passei pela Câmara, deu para mostrar o meu trabalho. Foi muita humilhação neste período, mas fiquei firme. Pretendo entrar pela porta da frente”, acrescentou Alan.
SOLIDARIEDADE – Vale ressaltar que ambos fazem parte do mesmo partido, o Solidariedade, atualmente liderado pelo deputado federal Otaci Nascimento (SD). Sobre o caso, Wagner informou que pretende dialogar com as lideranças do partido sobre o seu retorno às atividades da sigla, já que passou muito tempo afastado.
Questionado se poderia adotar alguma medida, o suplente se disse tranquilo sobre a sua permanência no Solidariedade e disse que quem iria definir o futuro era a Justiça.
ENTENDA O CASO – O vereador Wagner Feitosa (SD) tomou posse na Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) no início da tarde de quinta-feira, 27, após ser posto em liberdade provisória. O parlamentar estava detido desde março do ano passado, respondendo acusação de peculato. (P.C.)