Política

Vídeo com discussão entre senador e juíza movimenta as redes sociais

Um vídeo com a gravação de uma discussão entre o senador Romero Jucá (PMDB) e a juíza Patrícia Oliveira dos Reis, em uma das seções eleitorais do Município de Mucajaí, Centro-Sul do Estado

Um vídeo com a gravação de uma discussão entre o senador Romero Jucá (PMDB) e a juíza Patrícia Oliveira dos Reis, em uma das seções eleitorais do Município de Mucajaí, Centro-Sul do Estado, durante o primeiro turno das eleições, no dia 5, movimentou as redes sociais nesta segunda-feira. Mais de uma versão da discussão circulou, principalmente no Facebook e WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas. Isso porque, no momento, várias pessoas filmavam usando celulares.
O imbróglio teria começado porque o deputado Édio Lopes (PMDB) e o próprio Jucá teriam sido orientados a se retirarem de uma das seções eleitorais. “Candidato pode entrar em qualquer lugar. O TRE  permite o acesso de qualquer delegado. Sou delegado do partido, sou senador da República. Ele é candidato e vai entrar em qualquer prédio, desde que não faça boca de urna”, rebateu o senador se referindo ao deputado federal.
Em seguida, Jucá acusa a magistrada de ter mandado retirar placas de candidatos ligados ao seu grupo político no sábado, véspera do pleito, e a ameaça representá-la junto ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
“A senhora pegou a polícia ontem e mandou derrubar placa aqui de candidato. A senhora pode votar em quem quiser, mas não tem direito de fazer isso. Estou representando no CNJ, abuso de autoridade, abuso de poder econômico e eleitoral da senhora e dos policiais que fizeram isso. Porque isso é uma irresponsabilidade”,  disse o senador. Patrícia Oliveira se limitava a responder: “Sem problema”.
O senador continua afirmando ser um “fiscal da Constituição”. “Sou senador da República, jurei a Constituição e, por cima de mim, ninguém vai denegrir, ninguém vai tripudiar em cima da Constituição”, diz que volta a afirmar que o deputado Édio Lopes vai continuar visitando a seção eleitoral.
“A Polícia Federal está aqui para garantir o direito de todos. O Édio e, qualquer candidato, vai entrar aqui. Se tiver algum problema, eu vou voltar aqui e vou botar pra dentro. E a senhora, se for o caso, e a Polícia Federal vão ter que me prender, pegar um mandado no Supremo e me prender porque não vou deixar arbitrariedade do jeito que está aqui”, complementou.
A juíza ainda tenta argumentar e afirma que não houve qualquer arbitrariedade, mas o senador volta a acusá-la de ter tirado placas. “A senhora não tem poder de fazer isso”, diz.
Jucá também aparece citando o ex-candidato ao Governo do Estado Neudo Campos (PP), a quem chega a ofender, afirmando que a juíza não teria retirado as placas com a propaganda dele. Quando a magistrada explica ao senador que existe uma portaria tratando da questão, ele se exalta: “Não vai tirar! Não vai tirar! Se alguém for tirar, me chame que vai ter que passar por cima de mim pra tirar”. E continua: “Vocês não vão abusar aqui. Não interessa portaria, o que vale é lei. Invadiram casa das pessoas sem mandado”, afirma.
SENADOR – A Folha procurou o senador, por meio da sua assessoria de imprensa, no início da tarde de ontem, para que ele comentasse o ocorrido e informasse se pretende realmente representar contra a juíza. A assessora solicitou que fosse encaminhado um e-mail, mas até o fechamento da matéria, por volta das 20 horas de ontem, não houve qualquer retorno.
AMARR – A Folha também procurou a Associação dos Magistrados de Roraima (AMARR) para se pronunciar acerca do caso, mas como a juíza não é associada, a entidade não poderia se manifestar em nome dela. (EPR)