Enquanto Roraima vive a crise da estiagem e um dos piores ares para se respirar, as unidades de saúde de Boa Vista já registraram mais de seis mil atendimentos por síndromes respiratórias em 2024. O levantamento foi feito pelas secretarias municipal e estadual de Saúde, a pedido da Folha.
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O Pronto Atendimento Cosme e Silva registrou, entre janeiro e 17 de março, 1.584 atendimentos relacionados a esses problemas. Em janeiro, foram 305, em fevereiro, 772 e de 1º a 17 de março, 507. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) não avaliou qualitativamente a relação direta desses dados com a inalação do ar contaminado, nem detalhou os dados por semana de março.
Na rede municipal de Saúde da cidade, composta pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e o Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), foram 4.941 atendimentos registrados de janeiro a 18 de março deste ano. Do dia 1º a 10 de março, foram 759, enquanto do dia 11 ao 18, houve 624. Foi no dia 13 que o Índice Mundial de Qualidade do Ar classificou o ar de Boa Vista como “muito prejudicial à saúde”.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) esclareceu que os dados envolvendo síndromes respiratórias não significam que todos são motivados pela inalação da fumaça, “que se comporta como um irritante químico”.
“Aquelas crianças que apresentam uma doença alérgica como rinite ou asma, a fumaça desencadeia as crises. Por tal motivo houve um aumento tanto do atendimento quanto das internações por asma e rinite. A exposição repetitiva ou a longo prazo à fumaça (irritante químico), com o tempo favorece o aparecimento de pneumonias que coincide como uma causa de internação”, pontuou a SMSA.
Até 18 de março, data-recorte do levantamento, Roraima registrava 590 focos de incêndio, com Caracaraí (153), Cantá (76) e Rorainópolis (68) como os líderes desse ranking, segundo a Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos).
Neste mês, Boa Vista decretou emergência por causa da estiagem e, por conta da contaminação do ar, o prefeito Arthur Henrique (MDB) emitiu recomendações, incluindo a de evitar atividades esportivas ao ar livre e de se manter em locais fechados, além de usar máscara em caso de exposição à fumaça intensa.