A estudante Sibelly Meira, 17, entrou em um estado crítico de depressão aos 12 anos, logo após o falecimento de sua avó. E foi pensando em uma maneira de tentar animá-la que a mãe da menina resolveu adotar Esmeralda “Memê”, uma cachorrinha que veio para alegrar os dias de Sibelly.
O amor pela cadela surgiu antes mesmo do primeiro contato. “Eu me apaixonei por ela assim que eu vi uma foto, e desde então ela ganhou meu coração. Eu estava em depressão profunda e quando ela chegou, eu queria cuidar dela, eu descobri uma nova vontade de viver. Ela foi a melhor coisa que já me aconteceu”, contou a adolescente.
Sibelly disse que quando Memê chegou, ela estava de atestado médico por conta da depressão e não conseguia frequentar a escola normalmente, mas bastou alguns dias com a cachorrinha para voltar às aulas, mesmo que fosse difícil desapegar do animal. “Eu não queria ficar longe dela”, falou.
A “aumizade” das duas ficou tão intensa que Sibelly relata que tudo que sentia, a Esmeralda também sentia. “Se eu estava alegre, ela pulava. Se eu estava irritada, ela também estava. Se eu estava triste, ela vinha até mim e ficava quietinha. As pessoas sempre elogiam meu sorriso e ela [cadela] começou a sorrir também. Sempre que me via, mostrava os dentes”, disse.
“Em 2019, o meu médico me diagnosticou como liberta da depressão. Ele disse que eu ainda preciso tomar alguns remédios por conta da ansiedade muscular, mas que depois da Memê, eu não apresentei mais sinais de depressão”, relatou Sibelly.
“Em Gênesis [livro bíblico] fala que o arco-íris é como se fosse um contrato, uma promessa que Deus não iria mais destruir a terra com água. A esmeralda veio para me tirar de uma tempestade, ela me mostrou a alegria de viver. Toda vez que eu olhava para ela era como se fosse um sinal de que eu não ia morrer, era meu arco-íris”, continuou.
Após cinco anos juntas, Esmeralda deixou Sibelly no último domingo (5), quando morreu. “Agora eu tenho medo de voltar a entrar naquele nível em que eu estava há cinco anos, mas eu me mantenho forte, porque ela teve que vir até mim para que eu conseguisse me libertar. Eu não posso agir como se a missão dela tivesse sido em vão”, concluiu a jovem, que também é dona de outros dois animais, nos quais está encontrando forças para continuar.
Segundo a psicóloga Mariana Pessoa, especialista em terapia cognitivo comportamental e hipnose, alguns dos sintomas da depressão são o excesso de tristeza na maior parte do dia, a perda de interesse em fazer coisas que antes eram prazerosas e os pensamentos de morte recorrentes.
Ainda conforme ela, os animais são coadjuvantes no tratamento da ansiedade, da depressão e de outros transtornos mentais. “Os pets requerem cuidados de levar pra passear, de alimentar, dar água… Então eles trazem a pessoa que está ali naquele estado, um senso de responsabilidade muito grande com o outro ser. Os animais brincam muito, então eles acabam sendo companheiros. Suprindo ali uma parte muito importante do dia a dia de uma pessoa depressiva, reduzindo os pensamentos negativos”, explicou Mariana.