Após complicações durante o parto no Hospital Materno Infantil, Carmen Elisa Emiliano de Assis Silva, de 29 anos, está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR). De acordo com seu marido, Rodrigo Silva, que acompanhou todo o processo, a condição de Carmen agravou-se, resultando na morte da filha recém-nascida do casal, Alise Eloa.
Rodrigo relata que Carmen deu entrada na maternidade com fortes dores, onde foi atendida e teve a pressão medida. Ele descreve que, ao voltar para o hospital após ir em casa, encontrou sua esposa já sedada.
“Ela entrou no hospital, na maternidade nova. Ela deu entrada lá com muita dor, então ela foi atendida, foi medida a pressão dela e ela estava muito nervosa, aí teve que medir a pressão dela de novo.”
O marido menciona que o atendimento foi demorado e que Carmen ficou muito tempo numa cadeira de rodas, mesmo após ser sedada.
“Ela ficou na sala de medicação, demorou muito lá, botaram ela numa cadeira de rodas com sedação, não sei qual a medicação. Dão uma medicação para um paciente relaxar e ficar caindo numa cadeira de rodas, isso é injusto. Eu tive que pedir, implorar lá para conseguir uma maca.”
Rodrigo descreve que, após ser transferida para a ala de emergência, onde pacientes com pressão alta são atendidos, Carmen começou a apresentar sintomas de piora, incluindo dificuldade respiratória e cianose.
“Depois que tirou esse caninho [para ajudar na respiração], fizeram a sucção do catarro do pescoço dela, da garganta dela. Daí ela começou a ter convulsão, eu estava presente, ouvi tudo. Não tinha oxigênio lá. O médico pediu oxigênio: Cadê o oxigênio? E os técnicos de enfermagem falaram para ele que não tinha oxigênio lá naquela ala.”
De acordo com o relato, a demora na busca por oxigênio teria resultado em uma parada respiratória de Carmen.
“Ela começou a ficar roxa. E eu falando para o médico que o rosto dela estava muito roxo, a boca dela estava ficando muito roxa. E daí ela parou, parou de respirar. E ela passou no máximo cinco minutos parada lá.”
Carmen foi transferida para o HGR, onde permanece na UTI. Rodrigo afirma que os médicos mencionaram a possibilidade de morte encefálica.
A Folha de Boa Vista procurou a Secretaria de Saúde do Estado de Roraima (Sesau) para esclarecimentos sobre o atendimento prestado a Carmen Elisa e sobre as condições na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth.
Na solicitação enviada à pasta, a Folha questionou o motivo da transferência da paciente, as complicações enfrentadas durante o atendimento e a existência de possíveis falhas no fornecimento de oxigênio, além de questionar sobre a morte da filha do casal.
Em nota, a Sesau informou que a paciente C.E.E.A.S deu entrada na Maternidade na madrugada do dia 14 de setembro, em estado grave, inconsciente, após uma crise convulsiva e precisou ser reanimada pela equipe médica de plantão.
Diante da situação crítica, após estabilizar a paciente, foi realizada uma cirurgia cesárea de emergência, para salvar o bebê, contudo, o feto estava sem vida.
Infelizmente, o bebê não apresentou sinais vitais ao nascer, não chorou, estava sem pulso e não reagiu às tentativas de reanimação, sendo considerado natimorto, termo utilizado para designar o falecimento intrauterino ou no momento do parto, sem sinais de vida.
Portanto, é totalmente inverídica a suposição de que teria havido falta de oxigênio, insumos ou qualquer outro procedimento necessário no atendimento à mãe e ao bebê. Ao contrário, a equipe de plantão realizou todos os procedimentos possíveis para salvar a mãe e o bebê do quadro de eclampsia.
A paciente encontra-se na UTI do HGR, sob cuidados especializados da equipe médica intensivista.
A Sesau reafirma o compromisso com a transparência e a qualidade no atendimento prestado pelos servidores do quadro da rede estadual de saúde.