
Há três meses cerca de 50 indígenas da comunidade Sanumã estão aguardando suporte da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Roraima para realizar o transporte de crianças com malária até o posto de saúde próximo, que fica na comunidade Xiriana. Na manhã desta segunda-feira, 24, Kasi Sanumã, um dos responsáveis do grupo, esteve em Boa Vista para tentar diálogo com o órgão.
Kasi Sanumã relata, que o posto de atendimento da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) mais próximo fica na comunidade Xiriana, há cerca de 40 minutos de barco, e que o transporte que a comunidade tem neste momento é uma canoa.
“As crianças pegaram três tipos de malária, por isso estamos preocupados. Por isso eu vim aqui para pedir o quanto antes um barco e um motor, para que as crianças possam ser atendidas mais rápido. O posto é muito longe, por isso estamos querendo”, relata Kasi.
A articulação para o pedido do barco e do motor foi feita com a ajuda do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente de Roraima (FNDCA), por meio do indígena Albino Xiriana, que explica as dificuldades enfrentadas pela comunidade na área cedida pelos Xiriana.
“A gente tem dado um jeito, emprestando a canoa, com mudas para eles plantarem lá. São essas as dificuldades, eles precisam se locomover, se alimentar. A gente tem repassado alguns mantimentos que chegam através da Funai. Foi confirmado que, na próxima remessa, serão enviados alimentos específicos para eles”, relata Albino.
A situação foi denunciada à FolhaBV anteriormente, onde a FNDCA relatou que alguns membros da comunidade vieram à Boa Vista para tentar atendimento de saúde para as crianças, incluindo um menino com deficiência. Eles estão na capital desde 2022.
Durante a visita à sede da Funai, Kasi, Albino e o representante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Paulo Thadeu, conversaram com a coordenadora estadual da organização.
De acordo com Paulo Thadeu, a coordenadora afirmou que já providenciou a embarcação junto com o motor, além de garantir a entrega de alimentação à comunidade.
”A Funai admitiu que teve problemas na liberação do motor, que não conseguiu pegar ele a tempo para levar à comunidade. Mas afirmou que ele já está na sede e agora vão fazer a busca por uma canoa de sete metros para poder encaminhar aos Sanumã”, relatou Thadeu.
Casos de Malária na terra Yanomami
De acordo com o Governo Federal, em 2024 houve um aumento de 4% de casos de malária registrados no Distrito Sanitário Indígena Yanomami (DSEIY), mas que houve uma redução de 35% nas mortes pela doença.
A FolhaBV procurou a Funai, questionando sobre o suporte à comunidade Sanumã no transporte e nos casos de malária na terra Yanomami, mas até o fechamento da reportagem não obteve resposta.