Você já se olhou no espelho ou em uma fotografia e não gostou do que viu? A dificuldade em se olhar e se admirar é uma realidade para diversas pessoas e atrapalha na autoestima, podendo estar relacionada também à saúde mental.
É importante frisar que o amor próprio, assim como boa parte das nossas habilidades e hábitos, é um processo que exige dedicação. Pela etimologia da palavra “autoestima”, a psicóloga Yasmin Sales destacou em entrevista à FolhaBV, o que é esse termo e como ele está relacionado ao olhar para si mesmo.
“Significa valorizar e apreciar a si mesmo. E nós apreciamos aquilo que é bom para nós. Se eu não estou satisfeita com algo, eu preciso entender qual é a origem disso. Porque tudo aquilo que é belo é cultivado, e demanda um esforço. Então vai além do nosso externo e precisa ser cuidado também de dentro, em todas as dimensões”, ressaltou.
Essa origem pode surgir desde a infância, a partir de elogios que podem construir a autoconfiança daquela criança, já iniciando o processo de gostar daquilo que ela é ou faz. “São atos que demandam esforço e você vai criando autoestima, assim como outras práticas como aprender um novo idioma. Quando você estuda e aprende, você se sente bem por ter aprendido algo novo”, disse a especialista.
A partir desse pensamento, devemos olhar atentamente ao que nos incomoda e entender qual a origem e como eu posso melhorar. “É preciso pensar ‘O que eu posso fazer diante disso?’, e buscar os recursos que podem mudar essa situação. E também cuidar do emocional, que também faz parte desse processo. Mesmo fazendo algo para mudar externamente, mas o interior continua insatisfeito, é recomendado que se busque a terapia para analisar o que está causando tudo isso”, destacou Yasmin.
Comparações
Se comparar com pessoas do nosso redor ou em destaque na mídia podem contribuir para achar que nossa realidade é sempre inferior, como no ditado que diz que a grama do vizinho é sempre mais verde. Yasmin explica que junto a uma rotina corrida, podemos ficar dispersos e viver no automático, deixando de estar atento a nossa vida e apenas vendo o que os outros compartilham na internet, que é impossível de ser 100% real.
“Nossa única comparação deve ser com nós mesmos, com a pessoa que fomos ontem. É olhar para nossa vida, nossa circunstância, nossa realidade e buscar ser melhor baseado na nossa vida, não do outro. E de fato não se comparar com o outro porque ele tem a vida dele, a gente sabe só ali aquilo que ele vive”, falou.
A paciência também é uma grande aliada nesse processo, para entender que tudo exige esforço e tempo. Isso também é um pouco do reflexo do que a gente vive hoje, de muita informação e dispersão, tudo é para já. Então, algo que demanda um pouco mais de tempo, a gente começa a ficar um pouco mais impaciente, porque a gente já está acostumado a ter bastante coisa na hora. Na terapia, sempre falo que é um processo, você vai subindo né um e uma escada vai um degrau de cada vez. Se ele colocar um pé e subir cinco, vai deixar um monte de coisa ali ainda a ser vivida”, finalizou.