A obesidade infantil é um problema de saúde pública que pode provocar várias consequências para o futuro, como o surgimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, entre outros. Mas como oferecer uma alimentação adequada e saudável para as crianças que hoje possuem um universo enorme de ofertas de alimentos?
É importante começar logo cedo, com a oferta do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e, após isso, a introdução da alimentação saudável com alimentos prioritariamente in natura. E a família tem um papel fundamental para ajudar os filhos a desenvolverem hábitos mais saudáveis. Isso porque, como as crianças imitam o que veem, os comportamentos alimentares estão associados aos dos familiares.
“O primeiro passo é como a família se organiza para que a casa tenha menos alimentos ultraprocessados. Além disso, é preciso envolver a criança na preparação da comida de uma forma mais lúdica, para que ela possa, desde cedo, valorizar a cultura alimentar e a alimentação feita em casa”, orienta Michele Lessa.
A má alimentação na fase infantil pode afetar não só o crescimento físico, mas também o seu desenvolvimento emocional. “Uma criança obesa além de ter dificuldade de fazer atividades físicas com os coleguinhas, corre o risco de sofrer bullying afetando também o seu estado emocional”, destaca Lessa.
As famílias também devem evitar oferecer e encorajar as crianças a reduzirem o consumo de bebidas açucaradas, estimular a prática de atividade física e diminuir o tempo gasto com o mundo virtual. Mas a coordenadora chama atenção: a prevenção da obesidade não terá resultados se o ambiente da criança não for considerado.
“A culpa não é da criança, o meio que ela vive é que favorece ou não o excesso de peso. Quando há oferta de alimentação saudável nas creches e escolas e há espaços públicos para brincar e fazer atividade física, tudo fica mais fácil para as crianças. A família também deve evitar comprar refrigerantes e sucos de caixinha, biscoitos recheados, pizza, chocolate e outros alimentos com muita gordura, sódio e açúcar”, explica a coordenadora.
Tecnologia estimula o sedentarismo
A vida sedentária, facilitada pelos avanços tecnológicos (computadores, televisão, tablets, celulares), também fazem com que as crianças não façam atividade física. “É importante evitar o excesso de tempo de tela, porque isso estressa criança e faz com que ela deixe de brincar, que já é uma atividade física. Fora isso, que as telas deixam as crianças ansiosas, e em alguns casos, elas recompensam na alimentação”, alerta Michele Lessa.
Outro ponto que a coordenadora traz é que quando existe uma exposição grande às telas, a publicidade também fica em maior evidência. “Além das ofertas serem atrativas com embalagens coloridas, o preparo é mais fácil, prático e rápido. A publicidade traz inúmeras variedades, quanto menos tempo a criança ficar no mundo das telas, menos vulnerável ela ficará”, comenta a coordenadora.
Participação também das escolas
Para auxiliar os educadores, a Coordenação de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde oferece a cartilha “As cantinas escolares saudáveis” para todas as escolas do Brasil.
Existe também o Programa Saúde na Escola, que atua com ações de prevenção da obesidade infantil nas escolas públicas com profissionais de saúde fazendo o acompanhamento do peso e estado nutricional dos escolares.
Quando necessário, o estudante é encaminhado para a unidade básica de saúde, onde recebe acompanhamento constante.