A diabetes é uma patologia que modifica os hábitos de vida de um indivíduo, contribuindo para o crescimento de riscos de diversas complicações, tanto agudas quanto crônicas. De acordo com o médico Cesar Penna, as complicações do diabetes influenciam diretamente na qualidade de vida do paciente, uma vez que as suas consequências podem ser graves, como perda de visão, amputações e insuficiência renal.
Em Roraima, o tratamento de Diabetes a rede estadual dispõe do serviço na Clínica Médica Especializada Coronel Mota, com a disponibilidade de atendimento de três médicos especializados na área, com consultas médicas de segunda a sexta-feira de manhã e de tarde.
Em 2021, cerca de 2.354 pacientes já foram atendidos, é importante ressaltar que entre os atendimentos dessa especialidade há diversas patologias que estão associadas à saúde do metabolismo e hormônios, incluindo a diabetes.
Sua classificação determina vários tipos de diabetes, como diabetes mellitus tipo 1, tipo 2, diabetes gestacional e outras formas. Em relação ao tipo 2, atinge indivíduos de qualquer idade, principalmente maiores de 40 anos, compreendendo cerca de 7,6% do total da população brasileira. Sua prevalência crescente determina que em 2025 existirá cerca de 11 milhões de diabéticos no Brasil, o que representa 100% das estatísticas atuais.
“Como não há cura para a diabetes tipo 2, a prevenção ainda é o melhor caminho para que as pessoas não venham a adquirir diabetes. É preciso orientar o paciente portador do diabetes a mudar ou manter os hábitos de vida saudáveis a fim de diminuir a ocorrência de complicações vindas de um tratamento diabético ineficaz;
Diagnóstico pode surgir após contaminação por Covid-19
Um estudo realizado por universidades do Canadá, Índia, Austrália e Reino Unido apontou que diabetes pode surgir após casos de covid-19. Já que alguns pacientes recuperados da doença foram diagnosticados com a morbidade, tipo 1 ou 2, de acordo com o estudo publicado no periódico Diabetes, Obesity and Metabolism, em novembro de 2020.
Foram analisados 3.711 pacientes em oito estudos diferentes. Os pesquisadores concluíram que mais de um em cada 10 pessoas estavam com diabetes após se recuperarem do coronavírus.
Segundo os autores, em algum dos casos existe a possibilidade do paciente já ter diabetes e não sabia até ser hospitalizado por covid-19. Mas as evidências sugerem que a doença respiratória pode ser suficiente para agravar problemas de saúde do metabolismo, existentes no tipo 2 da diabetes.
Quanto à diabetes tipo 1, os pesquisadores descobriram que o coronavírus, ou a resposta imunológica do corpo a ele, pode interromper as células-beta do pâncreas, potencialmente desencadeando o aparecimento dessa tipagem.
O estudo chega à ser importante para que haja tratamento adequado e maior prevenção para as condições físicas que causam a diabetes.
Segundo o endocrinologista e metabologista César Penna, existe a possibilidade do covid-19 desenvolver a diabetes porque a doença libera hormônios que alteram metabolismo, frequência cardíaca e glicose. E as pessoas que já tem a glicemia no limite, ou seja, pré-diabetes, podem evoluir para diabetes durante ou após o coronavírus. Como também o tratamento da infecção pulmonar, em caso grave de covid-19, auxilia na evolução da diabetes.
“Usa-se corticoides em altas doses para diminuir o processo inflamatório pulmonar e ele facilita a elevação da glicemia. Então são esses fatores, além do processo inflamatório que o covid é, que fazem com que aquela pessoa que já tem uma glicemia de jejum alterada, ou seja, ele já é pré-diabético ou ele tem uma predisposição muito grande para desenvolver a doença, ao final ou durante o covid evolua para diabetes”, disse.
Porém, há também a possibilidade de ser uma hiperglicemia de estresse. Quando o aumento da glicose é causado por um momento de estresse muito grande, como uma cirurgia, internação prologada ou tratar o próprio vírus.
“Então esses pacientes que evoluem com glicemia alta não podem ser classificados todos com diabetes e eles precisam ser acompanhados para que haja um diagnóstico correto. Porque no momento da infecção, associada ao uso do corticoides, a glicemia tende a elevar realmente, mas essa elevação pode ser do surgimento do diabetes ou apenas uma hiperglicemia de estresse induzida pela infecção pelo corticoides”, explicou.
VULNERABILIDADE – Conforme o endocrinologista, os diabéticos são mais vulneráreis a complicações do coronavírus, porque a diabetes é uma doença que altera as plaquetas e facilita infecções.
“[A diabetes] já é uma doença que altera todo o mecanismo de agregação planetária facilitando com que haja a formação de placas e facilitando, que caso venham essas infecções, evolua de forma desfavorável. Então está se associando a uma infecção grave, que é o covid, a uma doença que faz um imunossupressão quando ela está fora do controle”, disse Penna.
Ainda, que os diabéticos não tem controle adequado da morbidade e por isso tendem a ter casos graves de coronavírus e tem mais chances de falecer.
“Alguns estudos mostraram que 40% dos diabéticos que adquirem covid evoluem para UTI, vão a óbito, porque, geralmente, a grande maioria dos diabéticos estão descompensados. Os estudos mostram que em torno de 15 a 25% dos diabéticos que conseguem fazer um controle adequado da doença. Então a grande maioria dos diabéticos se encontram sem um controle adequado, que é um erro”, alertou.
A prevenção do paciente é o controle adequado da glicemia, porque terá uma resposta imunológica melhor e o vírus não prejudicará tanto. “Caso venha a pegar infecção ele pega a infecção com uma leucemia dentro do controle porque a resposta imunológica dele, do corpo dele, e essa infecção será totalmente diferente da resposta de um paciente diabético com leucemia”, explicou.
Penna ainda orienta para o diagnóstico precoce da diabetes. Relatou que muitas pessoas não sabem que tem a morbidade e na atualidade, diante da pandemia, as pessoas devem investigar e tratar com cuidado para ter êxito no tratamento do coronavírus, caso adquira. Ainda, que pessoas com histórico familiar de diabetes, está acima do peso, é sedentária ou têm mais de 40 anos, devem procurar um médico para fazer os exames de rotina.