Já ouviu falar em Artemísia? Estudo recente conduzido por cientistas chineses sugere que as artemisininas, compostos naturais derivados da planta, podem ser eficazes no tratamento da Síndrome dos Ovários Policístico. De acordo com a pesquisa, o uso de artemisininas pode inibir a síntese de testosterona nos ovários, melhorar a morfologia ovariana e aumentar a fertilidade. Danilo Avelar, professor de Biomedicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e doutor em farmacologia, explica como a substância auxilia na redução do impacto do distúrbio hormonal.
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é responsável pela desregulação menstrual e aumento dos hormônios masculinos. No Brasil, a condição afeta entre 5% e 21% das mulheres em idade reprodutiva, aponta relatório do Ministério da Saúde. Segundo Avelar, a artemisinina é uma proteína extraída da planta Artemisia vulgaris, conhecida por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. “Além da artemisinina, a planta produz cardamonina, ambas estudadas por seus efeitos benéficos no combate a inflamações e desordens hormonais”, destaca.
O especialista detalha que a inflamação é um processo comum em diversas doenças hormonais, incluindo a SOP. Esta condição sobrecarrega os ovários, afetando a produção de hormônios como os estrogênios. Nesse sentido, a artemisinina pode ajudar a reduzir a inflamação sistêmica, que impacta diretamente os ovários. “Com a inflamação reduzida, as células ovarianas ficam menos irritadas e estimuladas, diminuindo a produção excessiva de hormônios e a formação de cistos ovarianos”.
Embora as pesquisas sejam promissoras, o docente do CEUB adverte que as artemisininas não são tradicionalmente utilizadas para tratar a SOP e ainda não são reconhecidas para esse fim. Segundo ele, o uso indevido desse composto pode trazer efeitos adversos. “Para alguns pacientes, a substância pode gerar a estimulação excessiva do sistema nervoso central e vasodilatação, que pode causar arritmias, problemas hepáticos, alterações na pressão arterial e comprometimentos neurológicos”, ressalta.
Os critérios para considerar um paciente como candidato ao tratamento com artemisininas incluem um diagnóstico preciso de SOP, com alterações nos ciclos menstruais e manifestações de hiperandrogenismo, como acne severa e hirsutismo.
Avanço da ciência e novas abordagens
A pesquisa sobre tratamentos alternativos para a SOP está em constante expansão, com foco em substâncias naturais e fitoterápicos que apresentam menos efeitos adversos em comparação aos tratamentos hormonais tradicionais. “Estamos investigando compostos com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que possam reduzir a atividade excessiva das células ovarianas”, explica o docente.
Para obter sucesso no manejo da SOP, o professor do CEUB recomenda que as pacientes tenham atenção ao estilo de vida, como a prática regular de exercícios, a redução do consumo de álcool e a adoção de uma alimentação balanceada. Embora os fitoterápicos sejam muitas vezes vistos como inofensivos, é essencial que seu uso seja monitorado por profissionais de saúde. “A dosagem adequada é fundamental para evitar efeitos adversos, garantindo um tratamento seguro e eficaz para a SOP”, acrescenta Avelar.