Conheça os sintomas da ceratocone, doença que afeta visão de mais de 150 mil brasileiros por ano

Para prevenir o avanço do ceratocone é fundamental adotar algumas medidas como não coçar ou dormir em cima dos olhos

A detecção precoce é crucial para evitar o agravamento da doença (Foto: Paola Carvalho)
A detecção precoce é crucial para evitar o agravamento da doença (Foto: Paola Carvalho)

Mais de 150 mil brasileiros são afetados todos os anos por uma doença nos olhos que pode resultar até na necessidade de transplante. Segundo dados do Ministério da Saúde, a enfermidade que acomete tantas pessoas no país é a ceratocone, que pode ocorrer em pacientes entre 10 a 25 anos, causando afinamento e curvatura da córnea, que pode levar a perda da visão.

O ceratocone é uma doença não transmissível e de origem genética, que provoca um aumento progressivo da curvatura e o afinamento da córnea, explica o oftalmologista Henrique Rocha, presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO). Em casos mais graves, a córnea vai-se tornando opaca, quadro chamado de hidropsia.

O especialista informa que a enfermidade é degenerativa, ou seja, progressiva, e afeta em 96% das vezes os dois olhos. “Quando chega nesse estágio (da hidropsia), o paciente não tem mais visão e um transplante se torna necessário”, explica.

O alerta maior dos especialistas para manter um cuidado constante com os olhos é por que
o ceratocone pode não apresentar sintomas evidentes e geralmente está associado a uma doença ocular alérgica.

Sintomas


Com o avanço da doença, alguns sinais podem aparecer como dificuldade para enxergar à noite; visão desfocada gradativamente; visão duplicada de objetos (diplopia); aumento da sensibilidade à luz (fotofobia); a dificuldade para realizar atividades rotineiras como ler e dirigir; ou até o surgimento ou agravamento de miopia e astigmatismo.

Para diagnosticar a doença, o recomendado é realizar exames oftalmológicos específicos, como topografia de córnea, paquimetria e ceratometria. Os exames ajudam a detectar a deformação e o afinamento da córnea, confirmando a presença do ceratocone. Em casos mais avançados, exames simples, como o uso da lanterna de fenda ou a esquiascopia podem ser suficientes para a detecção do problema.

O especialista reforça que a detecção precoce é crucial para evitar o agravamento da doença. “A doença não tem preferência por homens ou mulheres. O público mais afetado é o de adolescentes, pré-adolescentes ou adultos jovens”, afirma Henrique.

Saiba como impedir o avanço da doença e como tratar o ceratocone

Segundo Henrique, para prevenir o avanço do ceratocone é fundamental adotar algumas medidas como não coçar ou dormir em cima dos olhos, para não agravar o quadro; ir ao oftalmologista anualmente para fazer os exames corretos; e ficar atento a possíveis sinais, para identificar se a pessoa tem esse tipo de doença e se ela está evoluindo ou não.

O tratamento do ceratocone vai variar conforme sua evolução. Por exemplo, um paciente que tenha um quadro estabilizado, mas que está com baixa visual de forma que um óculos não seja suficiente para dar qualidade, pode fazer um teste de lente de contato rígida. “A lente pode moldar a superfície da córnea e melhorar a qualidade de visão do paciente”, explica o médico..

Outra forma de tratamento é o implante de anel intraestromal, conhecido como anel de Ferrara, que é inserido dentro do estroma da córnea, moldando-a e melhorando a qualidade de visão do paciente. Em casos mais graves, onde o ceratocone progride significativamente, o transplante de córnea pode ser imprescindível para restaurar a visão do paciente.