O Dia Mundial do Livro é comemorado nesta sexta-feira (23). A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre direitos legais.
O livro é um conjunto de folhas de papel que permite a expansão da imaginação e exploração da inteligência humana. É o companheiro mais querido de algumas pessoas que ainda tem o gosto pela leitura e parece estar sendo amado por novos leitores também.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Marcos da Veiga Pereira, o brasileiro está lendo mais com o período pandêmico de coronavírus.
“O quadro muito positivo é que o brasileiro está lendo mais. Desde julho do ano passado, as vendas têm crescido e continuaram crescendo este ano, o que, para mim, evidencia uma reconexão com o livro e com a leitura. É como se as pessoas descobrissem o prazer de ler, porque estão mais em casa, porque têm mais tempo. E ao redescobrir o prazer de ler, elas redescobrem o hábito da leitura; colocam o livro no seu hábito diário. Isso faz com que as pessoas leiam mais. Estão consumindo mais livros. Isso é super positivo”, disse Marcos da Veiga.
Embora o brasileiro esteja lendo mais em razão da pandemia, a pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, divulgada em setembro do ano passado pelo Instituto Pró-Livro e relativa à 2019, revela que pouco mais da metade dos brasileiros têm hábito de leitura (52%).
Por idade, a pesquisa mostrou que a única faixa etária que ampliou o total de leitores foi a de crianças entre 5 e 10 anos de idade, que passou de 67%, em 2015, para 71%, em 2019. As demais faixas leram menos em relação à pesquisa anterior.
Apesar da queda, a faixa etária que mais lê no Brasil é a dos pré-adolescentes de 11 a 13 anos de idade (81%, em 2019, contra 84%, em 2015). Em termos de escolaridade, os leitores com curso superior permanecem como os que leem mais, mesmo com redução entre as edições da pesquisa (68%, em 2019, contra 82%, em 2015).
PREOCUPAÇÃO – Em pesquisas promovidas pelo Snel, os números mostram o varejo online se movimentando para criar promoções e eventos com o objetivo de chamar as pessoas ainda mais para o livro. Em contrapartida, o lado preocupante é o das livrarias físicas.
De acordo com Marcos Veiga, com a pandemia as livraria ficaram fechadas por cerca de 14 meses e o funcionamento precário das lojas físicas tem efeito no hábito do leitor. Uma vez que impede as livrarias de chamar o público de volta para ter o prazer do convívio, de manusear os livros, de encontrar autores nos lançamentos de obras, de conversar com outras pessoas e com os livreiros.
A pesquisa mensal do varejo realizada para o sindicato mostra a consistência das vendas do setor. No primeiro trimestre deste ano, em comparação a igual período do ano passado, houve expansão de 25% em exemplares vendidos, com cerca de 12 milhões de livros, contra 9,6 milhões no acumulado de janeiro a março de 2020.
Em valor, o aumento foi menor, e alcançou cerca de 15,5%. No primeiro trimestre de 2021, a receita com a venda de livros somou R$ 544 milhões, contra R$ 471,5 milhões no mesmo período de 2020.
INCENTIVO – A pedagoga Bruna Duarte Vitorino defende que a leitura com as crianças reforça os laços familiares e contribui para o desenvolvimento infantil.
Para deixar o momento da leitura mais gostoso, ela dá algumas dicas para os pais: Procure ler com frequência para a criança em casa; estimule brincadeiras sobre o livro lido, como desenhar a cena que mais gostou ou utilizar bonecos para reproduzir a história; utilize a história do livro para associar à vivência da criança, durante um passeio ao parque, ou chamando a atenção para algo que apareceu no livro, como uma flor, ou um trem, para incentivar uma conversa sobre o assunto e explorar o conhecimento adquirido com o exemplar;
Ainda orienta que não se force a leitura e que escolha livros com um conteúdo pelo qual as crianças se interessem, para proporcionar um momento prazeroso em família. Deixar os livros acessíveis para que a criança possa pegá-los a qualquer momento, mesmo que ela ainda não leia, possibilita a experiência de folhear um livro e imaginar a história.
TAXAÇÃO DOS LIVROS – A lei 10.865, de 2004, isenta o mercado de livros e papel para a sua impressão de pagar o PIS (Programas de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Entretanto, em agosto de 2020, a Receita Federal lançou o documento “Perguntas e Repostas” da Contribuição de Bens e Serviços (CBS) sobre o projeto de fusão da PIS/Cofins em um único tributo.
Com isso, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, propõe substituir as duas contribuições federais pela CBS, com alíquota de 12%, e acabar com os benefícios fiscais, incluindo o concedido ao mercado editorial. Na época da divulgação e recentemente com as alterações no documento, o fim da imunidade tributária dos livros é bastante polêmica e recebe críticas de vários setores.
Com informações da Agência Brasil