Quem tem diabetes sabe que deve tomar cuidados especiais com a saúde. Um deles é proteger os pés de fatores que podem levá-los até a amputação. De acordo com o endocrinologista Cesar Penna, diabéticos precisam ter cuidados redobrados com os pés, mantê-los sempre limpos, lavar com água morna, e nunca quente, para evitar queimaduras e machucados. Além disso, os exames devem ser feitos mesmo sem os sintomas.
Tudo isso para evitar a polineuropatia diabética (PND), uma complicação que afeta 50% dos pacientes.“A polineuropatia diabética precedem cerca de 85% das amputações levando a insensibilidade e nos estágios mais avançados, deformidades podendo evoluir para amputação, principalmente se há má circulação, no caso, a doença arterial obstrutiva crônica” relatou.
Outras condições colocam os diabéticos mais propensos a terem problemas com os pés: doença renal do diabetes (DRD) e retinopatia diabética (RD). Essas complicações (PND, DAOP, DRD, RD) estão associadas ao mau controle da glicose.
Segundo o Ministério da Saúde, 70% das cirurgias para amputação de membros inferiores (pernas, pé, dedos dos pés) no Brasil têm como causa o diabetes mal controlado: são 55 mil amputações anuais.
“Nesse caso, é preciso ficar atento a taxa glicêmica e mantê-la sob controle. Além, de fazer exames anuais para o diagnóstico precoce, metade das pessoas com diabetes pode ter PND sem sintomas. Normalmente a pessoa só se dá conta quando está num estágio avançado e quase sempre com uma úlcera ou uma infecção, o que torna o tratamento mais difícil devido aos problemas de má circulação” relata o médico.
É importante ter atenção e relatar ao médico sintomas como: queimação, formigamentos, dormência, dor (facada, pontada), fraqueza ou fadiga e câimbras. Tais sintomas podem piorar à noite, ao deitar, e melhoram com as atividades. Por isso que não é frequente os pacientes queixarem-se dos sintomas durante o dia.
“Pacientes com diabetes tipo 1, a partir do 5º ano de duração, e tipo 2, desde o diagnóstico, devem passar por uma avaliação anual dos pés, que inclui a história e exame clínico simples. Testes neurológicos que podem ser realizados por médicos e enfermeiro treinados – testes de sensibilidade com o monofilamento de 10g e qualquer outro alterado, como a pesquisa de sensibilidade à dor, sensibilidade vibratória e sensibilidade ao frio, e reflexos aquileus – indicam que a pessoa tem risco neuropático de ulceração” explicou.