A tontura, definida como uma sensação de alteração do equilíbrio corporal, é um sintoma extremamente comum, porém, leva à incapacidade, diminui a produtividade e interfere na qualidade de vida. De acordo com o otorrinolaringologista Ivan Machado, os distúrbios do equilíbrio aumentam em frequência com a idade e representam a causa mais comum de consultas no sistema básico de saúde entre os adultos com mais de 75 anos.
“Há vários tipos de tontura, que derivam quase sempre da disfunção do sistema vestibular. Entretanto, distúrbios visuais, doenças neurológicas e problemas psíquicos também podem causar tontura sem comprometimento funcional do sistema vestibular”, ressalta.
A vertigem postural paroxística benigna (VPPB) é uma das causas mais comuns de vertigem, sendo diagnosticada VPPB em cerca de 17% dos casos de vertigem. “Não é uma doença, mas sim uma síndrome que pode ser sequela de várias doenças da orelha interna. Representa uma das principais manifestações dos distúrbios vestibulares periféricos e acomete principalmente a faixa etária de 40 a 60 anos”, diz.
Segundo o especialista, existe uma camada de cristais de carbonato de cálcio nos ouvidos, naturalmente localizada em uma parte da orelha interna. “A VPPB acontece quando parte destes materiais, ou cristais de cálcio, se solta e cai em outra área – dentro dos canais semicirculares”, conta.
Ele explica que 50% dos casos onde o paciente apresenta tontura não se sabem a causa, mas pode estar associada à: disfunção hormonal ovariana, hiperlipidemia, hipo ou hiperglicemia, hiperinsulinemia, migrânea, distúrbios vasculares como insuficiência vértebrobasilar, traumatismo cervical, pós-operatório de cirurgias otológicas, idade avançada, sedentarismo e repouso prolongado no leito.
“A principal queixa da VPPB é a tontura de caráter rotatória, em crises, precipitadas por mudança de posição da cabeça, ao deitar-se para um lado ou para ambos os lados, ao levantar-se ou ao olhar para cima e que cessa espontaneamente. Não há sintomas auditivos associados. Alguns pacientes relatam apenas mal-estar ou enjôos posicionais. Pode haver resolução espontânea no sentido de cura temporária, mas as recidivas costumam ser frequentes”, disse.
O diagnóstico é clínico, realizado através de uma manobra específica. “O tratamento também é realizado através de manobras, com melhora do quadro de tontura, na maioria das vezes, logo após a realização do procedimento. Devido à recidiva do quadro em alguns pacientes, é importante o retorno com o otorrinolaringologista para reavaliação”, finalizou o otorrino.