Dois anos de emergência na TI Yanomami: Garimpo quase foi extinto e polos de saúde foram reabertos

Governo celebrou resultado de ações contra o garimpo ilegal para preservar o meio ambiente e assegurar condições dignas de vida aos indígenas

Exército em ação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (Foto: Casa de Governo)
Exército em ação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (Foto: Casa de Governo)

A emergência em saúde pública na Terra Indígena Yanomami, a maior reserva do Brasil que abriga 27 mil pessoas, completa dois anos nesta segunda-feira (20). O governo federal celebrou o resultado de ações contra o garimpo ilegal para preservar o meio ambiente e assegurar condições dignas de vida às comunidades indígenas.

A resposta governamental, determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), envolveu a articulação de 33 órgãos, sob a coordenação da Casa Civil da Presidência da República. O início das medidas foi marcado pela visita de Lula a Roraima.

A gravidade da situação imposta aos indígenas fez com que o governo federal liberasse R$ 1,7 bilhão em créditos extraordinários. O trabalho foi reforçado com a implantação, em fevereiro de 2024, da Casa de Governo, a qual passou a centralizar as operações de retirada de invasores da Terra Yanomami.

Apenas em 2024, 3.536 operações de segurança impuseram à rede criminosa do garimpo ilegal um prejuízo no valor de R$ 267 milhões e consolidaram uma redução de 95,76% nas novas áreas de garimpo, que caíram de 1.002 hectares explorados em 2022 para apenas 42 hectares em 2024.

O combate intenso resultou em uma redução de 91% nas áreas já impactadas pelo garimpo no território. Dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) mostram que o garimpo ativo diminuiu de 4.570 hectares, em março, para 313,6 hectares, em dezembro.

Essa conquista trouxe impactos diretos na melhoria da qualidade ambiental, incluindo a queda significativa nos níveis de turbidez dos rios locais, que começaram a retomar sua coloração natural. O Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com a Fundação de Ciência Aplicações e Tecnologia Espaciais, lideram uma iniciativa com investimentos de R$ 6,4 milhões para monitorar o mercúrio nos rios e peixes da região, bem como nível de exposição das comunidades ao metal amplamente usado pelo garimpo ilegal.

Paralelamente, os serviços de saúde para a população Yanomami passaram a ser garantidos como política pública, com notificações sistemáticas, planejamento e atendimentos necessários. Esta gestão reabriu sete polos de saúde desativados, o que garantiu atendimento a 5,2 mil indígenas, enquanto o número de óbitos por desnutrição foi reduzido em 68%, entre os primeiros semestres de 2023 e 2024. Programas de imunização e combate à malária também registraram avanços significativos.

Para a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajarara, o governo federal vem conseguindo, em dois anos de ações intensas e integradas, avançar na proteção dos direitos e da vida dos povos Yanomami. “O fortalecimento da presença do Estado na Terra Indígena Yanomami é uma prova de que estamos construindo um novo caminho para a autonomia e a dignidade dos povos da região, em sintonia com seus modos de vida e com a preservação de seu território. Tudo feito por meio do diálogo, consulta e construção conjunta permanente junto aos indígenas”, afirmou.