Embora não esteja relacionada diretamente como um sintoma de COVID-19, as dores nas costas estão agrupadas entre as dores musculares que podem surgir durante a infecção pelo novo Coronavírus, conhecida como Síndrome pós-Covid. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que analisou quase 56 mil casos de COVID-19 na China aponta que quase 15% dos pacientes sentem este tipo de dor após a infecção.
Segundo o médico ortopedista especialista em cirurgia da coluna, Dr. Antônio Krieger, a queixa de dor frequente nas costas que surgiu após a COVID-19 começou a se tornar uma rotina no consultório.
O médico explica que a dor nos músculos e articulações são resultado da inflamação causada pela resposta imunológica do corpo na luta contra o vírus, um processo que pode se tornar muito intenso, como uma “tempestade inflamatória”. Nesta fase da infecção, o corpo libera uma série de substâncias, entre elas as citocinas que têm potencial até mesmo para lesionar tecidos musculares e órgãos, causando dores e sensação de fraqueza.
“Em geral, essa dor muscular resultado de uma infecção viral costuma ser muito diferente da dor causada por exercícios físicos intensos. Quando nos exercitamos, a dor muscular tende a passar após algumas horas. No caso da COVID-19, relatos apontam que a dor surge como cãibras e espasmos nas costas e que podem durar dias e até semanas”, explica Krieger.
Uma outra pesquisa, conduzida pelo Survivor Corps, um grupo de apoio para sobreviventes do COVID-19, e Natalie Lambert, pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade de Indiana, aponta que a dor na coluna lombar, torácica e cervical estão entre os 50 sintomas ou efeitos colaterais que persistem a longo prazo.
Queixa de dor nas costas aumentou 41% durante a pandemia
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que ouviu mais de 44 mil pessoas no ano passado, apontou que 41% dos entrevistados passaram a sentir dores de coluna. Enquanto isso, entre os que já sofriam de dores crônicas, mais de 50% afirmam que o desconforto aumentou durante a quarentena.
O aumento dos quadros de dores de coluna podem estar relacionados com a falta de estrutura existente no home office, além do sedentarismo causado pela falta de atividades físicas.
“A cadeira deve ter apoio para os braços, regulagem de altura e preferencialmente um apoio para a coluna lombar. Ombros e pescoço devem se manter relaxados e o monitor do computador deve estar ajustado para que fique na altura da direção dos olhos. Isso irá evitar que você tenha que esticar, distorcer ou mexer no pescoço”, comenta o especialista.
Estratégias para melhora dos sintomas
As dores musculares causadas pela COVID-19 podem durar algumas semanas. O cirurgião explica que adotar algumas estratégias podem ajudar a superar este momento em que o corpo ainda se recupera da infecção.
“O retorno gradual às atividades físicas e esportivas é uma das estratégias para alívio da dor e para recuperação da massa muscular perdida pela infecção de COVID. É fundamental fazer uma avaliação médica para avaliar sua função cardiológica antes de retomar os exercícios, a fim de evitar um quadro de miocardite – situação que tem sido observada em pacientes pós-COVID”, explica Krieger. “Por fim, realizar uma avaliação nutricional para restabelecer sua imunidade e metabolismo por meio de uma alimentação planejada individualmente”, finaliza.