Saúde e Bem-estar

Enfermagem de Roraima vai parar nesta quarta por novo piso salarial

Atividades dos profissionais serão paralisadas totalmente nas unidades básicas de Saúde, nas Estratégias de Saúde da Família, nos ambulatórios, centros e clínicas, conforme ofício do Sindprer

Profissionais ligados ao Sindprer (Sindicato dos Profissionais da Enfermagem do Estado de Roraima) aprovaram a adesão à paralisação nacional de 24 horas pela manutenção do novo piso federal da classe. Em Boa Vista, o ato está marcado para iniciar às 7h dessa quarta-feira (21).

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Em ofício enviado ao secretário municipal de Saúde de Boa Vista, Cláudio Galvão, à secretaria estadual de Saúde de Roraima, Cecília Lorenzon, e ao governador Antonio Denarium (Progressistas), o Sindprer avisa que vai paralisar:

  • 100% do efetivo nas unidades básicas de Saúde, nas Estratégias de Saúde da Família, nos ambulatórios, centros e clínicas;
  • 70% do efetivo nos blocos hospitalares e centrais de material e esterilização;
  • 50% do efetivo nos setores de urgência e emergência, nas UTI (Unidades de Terapia Intensiva) e no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência);
  • Centro cirúrgico (somente cirurgias de emergências e oncológicas);
  • Vacinação (somente emergência – antirrábica).

Procurada, a Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) informou que os profissionais da Enfermagem da rede pública estadual recebem vencimentos acima do teto, e que já havia iniciado estudo de viabilidade sobre o piso salarial dos técnicos da área. A Sesau disse, ainda, que a atual gestão mantém diálogo “constante e respeitoso” com a categoria e que espera sensibilidade dos profissionais para não haver prejuízos aos atendimentos das demandas de Saúde da população.

Até a publicação da reportagem, a SMSA (Secretaria Municipal de Saúde) não comentou sobre o ato da classe.

Entenda

A maioria dos ministros do STF decidiu manter a decisão do ministro Luis Roberto Barroso que suspendeu o novo piso da Enfermagem. A liminar foi proferida em 4 de setembro, a pedido da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde), a qual avalia que o reajuste prejudicaria a saúde financeira dos hospitais particulares.

Além de Barroso, votaram para manter a decisão inicial Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Luiz Fux. Para derrubar a sentença monocrática, opinaram André Mendonça, Kassio Nunes Marques, Edson Fachin e Rosa Weber.

Senadores apontam ao menos cinco soluções para custear o novo piso. Segundo a Agência Brasil, uma delas é a proposta que permite que estados e municípios possam realocar recursos para o combate à Covid-19 para outros programas na área da Saúde. O projeto, que tem o apoio da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), pode liberar cerca de R$ 27,7 bilhões não utilizados e, com isso, viabilizar o pagamento do suspenso pelo STF.

A informação foi dada nesta terça-feira (20) pelo relator geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), após reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “A nossa ideia é aprovar esse PLP já na próxima semana. Então, rapidamente a gente aprova isso, já antes da eleição, para dar um sustento, um reforço ao orçamento dos estados e dos municípios”, disse Castro.

Em reunião com líderes do Senado nessa segunda-feira (19), o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, apresentou outros três projetos selecionados pela consultoria do Senado para tentar viabilizar o piso da Enfermagem. Vistos como solução no longo prazo, estão sendo estudados: o PL que reedita o programa de repatriamento de recursos; o PL que trata da atualização patrimonial; além do PL que prevê auxílio financeiro emergencial para as santas casas e hospitais filantrópicos.

Outra proposta apresentada pelo líder da minoria na Casa, Jean Paul Prates (PT-RN), sugere que as emendas de relator – os recursos conhecidos como “orçamento secreto” – sejam utilizadas para custear o piso para os servidores municipais e estaduais da categoria. Na avaliação de Prates, a medida é a solução mais rápida para o impasse.

O novo piso é de R$ 4.750 para enfermeiros, sendo 70% desse valor para técnicos de Enfermagem (R$ 3.325) e 50% a auxiliares e parteiras (R$ 2.375).