O Brasil tem a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo e o quinto maior com depressão. Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 322 milhões de pessoas pelo mundo sofrem de transtorno de ansiedade, 18% a mais que há dez anos.
Segundo o psicólogo Alberto Cruz, a ansiedade é uma alteração cerebral fisiológica que prepara as pessoas para responderem a uma situação de perigo. Ou seja, é um mecanismo de proteção. O problema é quando ele se torna mais recorrente do que o normal, e a pessoa passa a ter crises.
É natural que situações desconhecidas ou desafiadoras possam eliciar sentimentos de ansiedade ou nervosismo, porém é preciso ficar atento se esse sentimento está influenciando o comportamento do indivíduo.
“A ansiedade é um fenômeno que todo mundo experimenta, seja diante de uma prova difícil, de uma apresentação, são sintomas físicos que a pessoa apresenta que estão em um nível considerado normal, já no transtorno de ansiedade, esses mesmos sintomas, se apresentam de maneira intensa, e persiste durante muito tempo, a pessoa tem sentimentos de nervosismo e medo”, explica.
Segundo o psicólogo, a crise de ansiedade provoca pensamentos catastróficos e muitas vezes, o paciente não sabe exatamente o que está gerando aquilo.
“O paciente não sabe qual é o fato gerador, e a ansiedade persiste por antecipar momentos que está sempre na casa da probabilidade, e a pessoa começa a exacerbar o medo. Outra coisa que pode diferenciar é a forma com que as pessoas lidam com o medo, sentir medo de entrar em um automóvel após um acidente é normal, mas se a pessoa sente a ansiedade e o medo, mesmo não estando dentro do carro, já pode ser um transtorno. Para isso é preciso de um diagnóstico completo”, explica.
Entre os sintomas físicos, o paciente apresenta aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar, tontura, sensação de tremor, aperto no peito, formigamento, corpo frio, suor, desespero e pensamentos angustiantes com desfechos negativos.
Crises de ansiedade não são incomuns e podem afetar qualquer pessoa ao longo da vida. Mas, quando surgem repetidas vezes e passam a atrapalhar alguma área do cotidiano, caracterizam um transtorno de ansiedade, que compromete mais a vida das pessoas e, por isso, precisa ser tratado.
“A pessoa que tem apenas os sintomas de ansiedade, vai aprender a lidar com eles, já quem sofre do transtorno terá muita dificuldade de lidar, foge das situações, apresenta uma alteração comportamental intensa, persistente e que causa sofrimento e prejuízo”, explica o psicólogo.
Além do transtorno de ansiedade generalizada, também são subtipos do transtorno os casos de crise de pânico, fobia social, fobias específicas, transtorno de ansiedade de separação e agorafobia, que é o medo de passar mal e não ter ninguém para socorrê-lo.
“É preciso ter muito cuidado com o diagnóstico, principalmente com as pesquisas na internet, se a pessoa lê os temas de doenças mentais sem o acompanhamento de uma ajuda profissional, isso pode influenciar no comportamento de uma pessoa. É preciso entender que nem tudo é um transtorno, às vezes é apenas um episódio. O caminho é sempre o enfrentamento, mas o psicólogo vai explicar a melhor forma do tratamento e assim alcançar a cura”, finalizou.