Um problema de saúde pública, o suicídio já deixou de ser um assunto tabu e passou a ser urgente o desenvolvimento de ações de prevenção e valorização da vida. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que o suicídio é, atualmente, a quarta causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, depois de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
Mas afinal, como ajudar quem está com depressão? A professora do curso de Psicologia da Estácio da Amazônia, Maíne Ferreira, explica que é possível detectar sinais na conduta de uma pessoa que está passando por problemas de depressão e precisa de tratamento.
“A família ou amigos podem perceber mudanças como o gradual isolamento, expressão de preocupação, que podem ser exacerbados por estados emocionais derivados de conflitos afetivos. Nos jovens, são muito frequentes as rupturas de namoro que precipitam o ato suicida. No momento da crise, podem ser observados estados depressivos ou de agitação entre os jovens, um estado de insônia é um sinal de alerta da iminência do ato suicida”, observa.
Ela afirma ainda que algumas pessoas chegam a verbalizar a vontade de tirar a própria vida. Portanto, tem que ser levado a sério quando isso acontecer. “É um grande erro achar que a pessoa com ideação suicida não fala que quer se matar. Já existem pesquisas e relatos, onde essas pessoas contam para amigos e parentes da vontade de tirar a própria vida, mas o que acontece é que ninguém acreditou, por não estar preparado para lidar com isso. Aliás, quem está preparado para lidar?”, pondera.
Para a professora, a prevenção ao suicídio e a valorização da vida devem ser trabalhadas desde pequeno, quando as crianças ainda estão no ambiente escolar. “As escolas podem organizar programas psicoeducativos que possam mostrar que certos valores precisam ser resgatados. A fraternidade, a harmonia e o respeito são elementos que, quando trabalhados da forma correta, preparam a criança para enfrentar as dificuldades. Por que falo de crianças? Psicoeducar é importante, é lidar com a prevenção, pois a criança ferida de ontem, é o adulto com transtornos de amanhã”, observa.
Além disso, a especialista orienta que a família, por outro lado, deve saber lidar com a morte para dar suporte aos filhos. “Geralmente, esse é um assunto que a família esconde, por acreditar que os filhos pequenos não terão recursos psíquicos para encarar a situação”, afirma.
Ela ressalta ainda que, além do acompanhamento com os profissionais da área de psicologia e psiquiatria, alguns casos podem necessitar de tratamento hospitalar. “Essa eventualidade deve sempre ser considerada, devido ao profissional não poder controlar todas as variáveis causais. Às vezes, o psicólogo não tem o tempo suficiente para intervir e pode acontecer o suicídio”, explica.
A professora finaliza informando que no Brasil existem as unidades dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS 24h), oferecido pelo SUS e que trata das internações de pacientes com a iminência de um ato suicida.