A OMS (Organização Mundial de Saúde) define a fase da adolescência, com início aos 10 anos e término aos 19 anos, como um momento em que o jovem é bombardeado por dúvidas e incertezas, enquanto descobre o mundo ao seu redor, inclusive o desenvolvimento da vida sexual e reprodutiva.
Nesta quarta-feira, dia 22, Dia Nacional da Saúde de Adolescentes e Jovens, especialistas alertam para a importância de debater sobre os cuidados com a saúde desde o começo da vida sexual.
De acordo com a ginecologista Eugênia Glaucy Moura, que integra a equipe do HMINSN (Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth), a sensibilização é fundamental para evitar a gestação ainda na adolescência, condição de risco para a saúde das jovens.
“Muitas vezes, devido ao não uso ou uso indevido dos métodos contraceptivos, as jovens acabam em uma gravidez não planejada, que pode levar a complicações durante o desenvolvimento da gestação, como aborto espontâneo, anemia, pressão alta, dificuldades na realização do parto. As complicações no momento do parto, por exemplo, estão na décima posição da lista de causas de óbitos em adolescentes brasileiras”, ressaltou.
O MS (Ministério da Saúde) considera a incidência da gravidez na adolescência como um problema de saúde pública. De acordo com o MS, além de interromper projetos de vida, problemas econômicos e sociais para os jovens pais são, também, consequências da gravidez precoce, devido à mudança necessária na vida da mãe, em prol do bem-estar do recém-nascido.
Em Roraima, o Governo do Estado, por meio da Sesau (Secretaria de Saúde), tem trabalhado com foco na redução dos indicadores de gestação precoce com o monitoramento das ações desenvolvidas pelos municípios e a capacitação dos técnicos da Atenção Básica.
“É preciso cercar os jovens de informações úteis, informações que levem a saúde desse público no rumo certo e, mais ainda, é preciso tornar cada vez mais acessível os métodos contraceptivos, como forma de evitar o aumento desses índices. Nós temos mantido o contato direto com os municípios para que cada região coloque em práticas as diretrizes estabelecidas pelo MS”, complementou secretário de Saúde, Leocádio Vasconcelos.
A jovem balconista em farmácia Márcia Camilo, de 19 anos, recorda do susto que levou ao descobrir que estava grávida nesta idade, mas afirma que desde o início da adolescência já estava atenta aos métodos de prevenção.
“Eu não levei tão a sério, não tomei os cuidados de forma correta e quando eu vi que deu positivo eu me desesperei, porque eu sabia da responsabilidade que eu tinha nas minhas mãos a partir daquele momento. Eu adiei meu aprendizado na faculdade e na autoescola mas, fora isso, tive uma gestação tranquila. Mas, meu horário de sono está alterado, meu tempo não é mais como antes e é como se eu não fosse mais prioridade. Apesar da felicidade com meu filho hoje ser impagável, eu continuo considerando importante que todas da minha idade tenham essa cautela”, disse.
Gravidez na adolescência é um dos indicadores monitorados pela Sesau
Para promover esse reforço em todos os municípios, a CGAB (Coordenadoria Geral de Atenção Básica), por meio do NAPSAJ (Núcleo de Ações Programáticas da Saúde do Adolescente e do Jovem) executa na prática as ações de monitoramento.
“Nós estamos avaliando constantemente de que forma está sendo discutido junto aos adolescentes, a importância de valorizarem a saúde deles e assegurando o bem-estar deste público. Essas ações a gente realiza de forma integrada com a educação, qualificando as técnicas para que desenvolvam estratégias efetivas dentro desses espaços educativos”, destacou Maria Cruz, técnica do NAPSAJ.
A cada semestre, aliado ao foco na redução dos indicadores de gravidez precoce, o NAPSAJ também realiza monitoramento das ações de cada município à respeito da imunização contra doenças e outros agravos, com auxílio técnico nos trabalhos da atenção básica, garantindo que a manutenção da saúde deste público seja feita de forma efetiva.