
Há cinco anos, o mundo enfrentava o início de uma das maiores crises sanitárias da história moderna: a pandemia de COVID-19. Em meio ao caos, medo e incertezas, milhões de famílias foram impactadas pela doença – entre elas, o casal Thailon Back, 27, e Meire Moreira, 38. Ambos foram infectados pelo vírus, mas enquanto Meire conseguiu se recuperar em casa, Thailon enfrentou uma batalha mais difícil, com 75% do pulmão comprometido e a necessidade de internação.
O início da luta contra o vírus
Meire foi a primeira a contrair o vírus, em maio de 2020, quando ainda havia poucas informações sobre a doença. O medo se alastrava, e o casal precisou se isolar, cuidando um do outro sem saber exatamente como proceder.
“Foi muito difícil porque nós não sabíamos como tratar ou o que fazer para ajudar. É muito complicado ter uma doença e não conhecer os meios para tratá-la. A gente ficou com muito medo”, relembra Thailon.
Apesar das incertezas, o casal conseguiu enfrentar a doença até que Meire estivesse curada. No entanto, um ano depois, em junho de 2021, a situação se tornou ainda mais assustadora: desta vez, Thailon testou positivo para COVID-19. A princípio, eles tentaram manter os cuidados em casa, mas o quadro dele se agravou rapidamente, e ele precisou ser internado no Hospital Geral de Roraima. O diagnóstico foi alarmante: 75% do pulmão já estava comprometido.
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O medo da internação e a luta pela vida
A internação trouxe uma nova onda de angústia para o casal. Naquele momento, havia um medo generalizado de ir aos hospitais devido ao grande número de mortes. Thailon relembra que “o medo de ficar no hospital e não sair mais” era constante, especialmente porque o casal já havia perdido amigos para o vírus.
“Na minha cabeça, passava assim: ‘daqui vai ser muito difícil voltar para casa’. O medo era muito grande, eu tinha mais medo de morrer do que do tratamento, pois via pessoas ao meu lado morrendo. No dia em que disseram que eu ficaria internado, foi o único momento em que chorei”, conta Thailon.
Para Meire, a internação do marido foi igualmente assustadora. O casal passava noites sem dormir, pois Thailon tinha dificuldades para descansar, e Meire tinha medo de dormir e o marido acabar morrendo. Apesar da gravidade da situação, Thailon tentava se manter forte e não demonstrava estar com dor ou ter dificuldades para respirar, na tentativa de não preocupar a esposa.
“Sempre tive muito medo de perder as pessoas que eu amo, e meu esposo sabia disso. Mesmo com a situação piorando, ele tentava demonstrar que estava bem e ser forte, mas eu sabia que ele não estava. Ele precisou de oxigênio, foi internado e, para mim, esse foi o momento mais difícil”, relembra Meire, emocionada.
Thailon passou 20 dias internado. Meire lembra que chorava várias vezes por medo de perder o marido. O receio da morte se tornava ainda maior ao ver pacientes ao seu lado não resistindo à doença. Apegada à fé, ela passava as noites orando pela recuperação dele.
“Eu jamais me imaginaria sem ele. Então, estava sempre orando para que Deus pudesse reestruturar a saúde dele e para que ele pudesse melhorar o mais rápido possível”, desabafa Meire.
Hoje, cinco anos após o início da pandemia, o casal continua adotando cuidados, como o uso de máscara e outras medidas preventivas, não apenas contra a COVID-19, mas contra qualquer outro vírus ou doença. Para eles, “passar por isso de novo não dá”.
Além dos cuidados com a saúde, Meire também destaca a principal lição deixada, para eles, pela pandemia:
“A COVID-19 me ensinou que somos meros passageiros neste mundo e que devemos sempre olhar para a nossa família e dizer ‘eu te amo’, porque o amor deve ser demonstrado todos os dias.”
A história de Thailon e Meire representa a luta de milhares de famílias que enfrentaram a COVID-19 e sobreviveram para contar suas histórias. Mesmo após tanto tempo, as marcas da pandemia ainda estão presentes, mas também os aprendizados e a resiliência daqueles que venceram a batalha contra o vírus.