Com mais de 20 anos de carreira, a professora Cláudia Costa, 50 anos, teve diversos episódios de perda vocal. Com um calo nas cordas vocais por conta do esforço, Cláudia chegou a precisar se afastar do grupo de coral ao qual participava. A Folha conversou com as fonoaudiólogas Mariana Duarte e Cristiane Ehrich sobre os cuidados que esses profissionais devem ter durante o período letivo.
Mariana Duarte explica que rouquidão, falhas na voz e cansaço ao falar, são problemas comuns de professores devido o mau uso da voz. Segundo ela, muitos professores relatam que percebem a voz mais fraca às sextas-feiras, voltando ao normal na segunda-feira.
“Quando eles trazem essas queixas, a gente ver que tem um uso incorreto da voz. Ou então realmente tem algum problema crônico na voz. E esse mau uso pode acarretar a um nódulo nas cordas vocais ou fendas, que devem ser tratadas por um profissional”, explica a fonoaudióloga.
Segundo a professora Cláudia Costa, a maior parte dos problemas vocais vieram após o contato prolongado com crianças gripadas ou até com os sintomas da pneumonia, que acabam expondo os profissionais a esse risco, além do uso da voz no dia-a-dia na sala de aula.
“Ao longo das minhas atividades de trabalho, precisei ter mais cuidados com a minha voz. Beber água durante os períodos de aula, evitar o famoso cafezinho durante o horário de trabalho e manter maior controle ao falar em sala, de forma que não agrida tanto as cordas vocais. Esse ano tive um período com bastante problema de saúde na garganta e gripada. Fiquei de atestado por uns dias e voltando ao trabalho ainda sob cuidados e medicação”, relata Cláudia.
A fonoaudióloga Cristiane Ehrich, explica quais os principais cuidados que os professores devem tomar para que os problemas vocais sejam evitados.
“O professor como profissional da voz, precisa cuidar do seu instrumento de trabalho. Então uma recomendação prévia para os professores que irão iniciar a carreira, é que façam técnicas vocais. São exercícios básicos mas extremamente importantes. Exercícios de respiração, aprender a controlar a fala com a respiração. É o básico mas que faz a diferença”, explicou Cristiane.
Outras recomendações são as roupas muito justas, que as vezes impedem de respirar normalmente, a alimentação balanceada, que Cristiane alerta sobre o refluxo após alimentos muito pesados que gera secreção na garganta, ocasionando pigarros e forçam a garganta. Além da movimentação do pescoço, que uma má movimentação pode gerar dores na região.