Com todos os olhares voltados para a pandemia do Coronavírus (COVID-19), o Julho Amarelo chega para alertar a população sobre uma realidade preocupante em relação às hepatites virais: os dados mostram que de janeiro a maio de 2020, a CMECM (Clínica Médica Especializada Coronel Mota) prestou 513 atendimentos, entre primeiras consultas e retorno de pacientes que haviam abandonado o tratamento. No mesmo período, em 2019, a unidade realizou 408 atendimentos para a doença.
Segundo a CMECM, o aumento de 25,7% é resultado da preocupação da população em relação as complicações que a COVID-19 pode trazer para organismos já fragilizados pelas hepatites, o que fez aumentar a procura pelo atendimento na unidade no início deste ano.
O médico infectologista Luis Enrique Bermejo Galan, que atua na CMECM, explica que as hepatites virais (B e C) são transmitidas por meio do contato com o sangue contaminado, seja pelo compartilhamento de materiais de uso pessoal ou por relações sexuais desprotegidas.
“As hepatites virais podem ser transmitidas através da relação sexual sem proteção e pelo contato com sangue contaminado ao compartilhar agulhas. Além disso, exigir o material descartável ou esterilizado quando for à manicure é fundamental e não compartilhar lâminas de barbear ou agulhas e usar proteção na relação sexual são medidas que devem ser adotadas para evitar a infecção. Vale ressaltar que as hepatites B e C podem ser oligossintomáticas e assintomáticas e, com o tempo, podem evoluir para uma cirrose ou câncer de fígado”, explicou o infectologista.
De acordo com o médico, existe tratamento para as hepatites virais. Ele explica que a vacina para a hepatite B pode ser encontrada nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e que a hepatite C, que não possui vacina, requer um acompanhamento especializado.
“Para a hepatite B existe uma vacina eficaz em até 95% dos casos, que pode ser encontrada nas UBSs. Já para a hepatite C, não existe uma vacina. Por isso, é importante que todos, principalmente as pessoas maiores de 45 anos, procurem as UBSs para a realização do teste rápido. A partir do diagnóstico, o paciente será encaminhado para a unidade de referência, onde receberá o tratamento adequado”, complementou.
TIPOS DE HEPATITE- Os principais tipos de hepatites virais são A, B, C, D e E. No caso a hepatite B, já há vacina disponível nos postos de saúde para pessoas de até 50 anos de idade. Além destes tipos, são registrados ainda dois outros: o F, que apesar de estudos recentes não terem configurado sua existência, sendo portanto descartado, mas não eliminado da literatura médica, e o tipo G.
Hepatite A, que tem o maior número de casos, está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infecção leve e cura sozinha. Existe vacina.
Hepatite B, o segundo tipo com maior incidência, atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção para a hepatite B é a vacina, associada ao uso do preservativo.
A hepatite C tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. É considerada a maior epidemia da humanidade hoje, cinco vezes superior à AIDS/HIV. A hepatite C é a principal causa de transplantes de fígado. Não tem vacina. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado e morte.
A hepatite D, causada pelo vírus da hepatite D (VHD), ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infecção com a hepatite D.
A hepatite E, causada pelo vírus da hepatite E (VHE) e transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral), provocando grandes epidemias em certas regiões. A hepatite E não se torna crônica, porém, mulheres grávidas que foram infectadas pelo vírus da hepatite E podem apresentar formas mais graves da doença.
Hepatite F, relatos recentes demonstram que não se confirmou a identificação do vírus da hepatite F (VHF), portanto, este tipo de hepatite, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), pode ser desconsiderado.
Hepatite G, o vírus da hepatite G (VHG), também conhecido como GBV-C, é transmitido através do sangue, sendo comum entre usuários de drogas endovenosas e receptores de transfusões. O vírus G também pode ser transmitido durante a gravidez e por via sexual. É frequentemente encontrado em coinfecção com outros vírus, como o da hepatite C (VHC), da hepatite B (VHB) e da Aids (HIV).