Saúde e Bem-estar

Infecção urinária de repetição é mais comum em mulheres

Uso de sabonetes íntimos pode ajudar a minimizar ocorrência de casos

Os sinais de uma possível infecção urinária são ardor, dor ao urinar, vontade de ir ao banheiro a todo instante, pouco volume e cheiro forte ou sangue na urina. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, as mulheres são mais afetadas, mas crianças, principalmente recém-nascidas, e idosos também correm risco de  apresentar o problema.

A infectologista Thaís Guimarães, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), diz que é muito comum a uretra ser colonizada por bactérias do trato gastrointestinal.

“Isso ocorre porque, tanto na mulher quanto no homem, a uretra é muito perto do ânus, por onde saem as fezes. Quando essas bactérias conseguem penetrar na uretra e chegar a bexiga, causam a infecção urinária, também conhecida como cistite. Se, através da bexiga, conseguir atingir os rins, vão causar pielonefrite, infecção dos rins, que tende a evoluir para casos mais graves e necessita de internação”, explica.

O uso de sabonetes íntimos pode ajudar a minimizar o problema. “Por terem um pH ácido, pode propiciar uma mudança na microbiota ao redor da uretra, principalmente nas mulheres que têm infecção urinária de repetição, já que diminuem a quantidade de bactérias presentes na região.”

A ginecologista e obstetra Fernanda Torras concorda com a colega, mas ressalta que a análise tem que ser caso a caso. “A flora vaginal tem um pH naturalmente ácido, com bactérias que ajudam na prevenção de infecções. Alguns sabonetes, incluindo os íntimos, têm componentes químicos que alteram o pH vaginal, eliminando as bactérias que ajudam na defesa da região e interferindo no funcionamento do sistema imunológico vaginal.”

Entretanto, destaca Fernanda, em caso de infecção do trato urinário (ITU), o ideal é seguir as recomendações do médico, que podem incluir o uso de algum sabonete específico ou até a suspensão dele, usando apenas água para lavar a região.

Diagnóstico
O diagnóstico de infecção urinária é feito por exame clínico, segundo o quadro e exames físico e laboratorial. Um exame solicitado por um médico pode confirmar a suspeita e dar andamento ao tratamento indicado. “O diagnóstico de certeza é dado pela urocultura. O único tratamento para a infecção do trato urinário são os antibióticos, únicos medicamentos que matam as bactérias causadoras da doença. Há outros tipos de medicamento para dor ou prevenção, mas não para o tratamento”, acrescenta a ginecologista.

A infecção urinária de repetição ocorre quando a pessoa tem mais de três infecções urinárias em seis meses, ou mais de seis em um ano. Nesse caso, é necessária uma investigação médica para verificar se não há nada que obstrua o sistema do trato urinário.

Prevenção
A causa mais comum de patologia obstrutiva do sistema urinário é a presença de cálculos, popularmente conhecidos como pedras, diz a infectologista Thaís Guimarães. “Quando as pedras são pequenas, conseguem ser expelidas naturalmente, mas, às vezes, pedras muito grandes necessitam ser retiradas cirurgicamente.”

Uma boa higiene íntima da região genital após uma evacuação ou uma relação sexual é a melhor maneira de prevenir infecções. O controle do diabetes também é muito importante para minimizar o problema. Evitar o uso de roupas apertadas e de calcinhas úmidas também ajuda na prevenção, além de dificultar a proliferação de fungos e a vulvovaginite.

A ginecologista tem ainda outras recomendações para prevenir o problema: “ter relações sexuais com a bexiga relativamente cheia e realizar a micção precocemente após o coito. Fazer a ingestão abundante de líquidos e evitar longos períodos de tempo sem urinar,”

*Com informações do Jornal da USP