O líder indígena Dário Kopenawa Yanomami voltou a denunciar um “caos sanitário e humanitário” entre seu povo e a publicar relatos de crianças da etnia morrendo por conta da infecção de vermes e malária em Terras Indígenas Yanomami entre os Estados de Roraima e Amazonas.
O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY) afirmou, em suas redes sociais que a saúde da região está em colapso em meio à falta de medicamentos.
“Na TIY [Terra Indígena Yanomami], as nossas crianças estão morrendo por vermes e malária, DSEI- Yanomami e Sesai de Brasília não cobram medicamentos. Sem medicamentos nas bases, nossa saúde Yanomami está em colapso, vejam as imagens, vermes que sai da boca”, desabafou Dário Yanomami
A maior Terra Indígena do Brasil, o território Yanomami é homologado desde 1992 e contém cerca de 30 mil pessoas, em 363 aldeias, em um espaço de 9,6 milhões de hectares de Floresta Amazônica que abrange os Estados do Amazonas e Roraima.
A região tem sido palco de desmatamento, garimpo ilegal, contaminação por mercúrio, conflitos por disputa territorial, ouro, pesca ilegal e aumento de casos de malária e desnutrição infantil.
Sem medicamentos
Em nota publicada nas redes sociais, no último dia 7 de julho, a Hutukara Associação Yanomami fez o primeiro relato sobre a situação sanitária. Para a organização, o Distrito Sanitário Especial de Saúde Yanomami e Ye’kwana (Dsei-YY) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) não estão cuidando bem da população indígena na assistência de saúde.
No texto, a HAY descreveu que a falta de medicamentos na região ocorre há, pelo menos, dois anos em 37 polos-base, fazendo com que crianças e adultos fiquem mais vulneráveis a doenças.
No documento de 4 páginas, a associação relata sobre a falta do medicamento básico que auxilia no combate e tratamento de pacientes com verminose.
“Nesses últimos 9 meses, nos postos de saúde que estão em nossa terra, não vimos Albendazol, um medicamento barato e básico para tratamento de verminoses. A obstrução intestinal por bolo de áscaris, e nossas crianças chegar ao ponto de expelir vermes pela boca não pode estar acontecendo. É inadmissível e mostra que há muito tempo não está sendo feito o tratamento com regularidade. O tratamento deveria ser feito a cada 6 meses, mas, pelo contexto da TIY, poderia ser mais frequente”