Segundo a pesquisa “Prevalência e fatores de risco para lipedema no Brasil“, 12,3% das mulheres brasileiras são acometidas pelo lipedema. Conhecida como “doença das coxas grossas”, o lipedema é uma doença vascular crônica, que atinge principalmente mulheres, e consiste no acúmulo anormal e específico de gordura, geralmente nas áreas das pernas e dos braços.
A causa está relacionada a fatores genéticos e hormonais, e a enfermidade pode ocasionar o inchaço e o aumento de massa anormal dos membros, o surgimento de hematomas, dor, a queda de cabelo e, principalmente, a dificuldade de mobilidade. Por isso, em fases nas quais ocorre grande oscilação de hormônios, como na puberdade, na gestação e na menopausa, a doença é mais frequente.
O lipedema é frequentemente confundido com a obesidade, mas alguns fatores diferem essas condições: enquanto a obesidade apresenta uma gordura comum, a do lipedema é mais acumulada, disposta de forma desproporcional e, geralmente, não responde de forma tão eficaz ao controle alimentar e aos exercícios físicos.
“Pacientes com lipedema são mais suscetíveis a lesões das articulações. Em casos mais avançados, podem ter dificuldades na marcha e consequente atrofia muscular”, afirma Mauro Figueiredo Carvalho de Andrade, cirurgião vascular e membro do Departamento de Doenças Linfáticas da SBACV-SP.
Essa diferenciação é crucial para um diagnóstico certeiro e consequente tratamento adequado, uma vez que, como já citado, a obesidade pode ser tratada com a prática de exercícios e uma alimentação adequada, enquanto o lipedema não responde tão bem a esses estímulos. Como consequência, as pacientes da doença podem desenvolver problemas como baixa autoestima, distúrbios alimentares e de autoimagem, frustração pessoal e insatisfação física.
“O tratamento clínico com dieta, perda de peso, atividade física regular e drenagem linfática deve ser a preferência para casos iniciais. A cirurgia (lipoaspiração) normalmente é reservada para estágios mais avançados da doença ou que não respondem adequadamente ao tratamento clínico”, explica a cirurgiã vascular Cynthia de Almeida Mendes, especialista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Embora não tenha cura, um tratamento adequado pode amenizar os sintomas da inflamação. Algumas recomendações:
- Controle da alimentação:
Seguir uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos, geralmente os de baixo impacto, são pontos essenciais para controlar a inflamação do lipedema. Neste caso, é interessante consumir alimentos ricos em vitaminas e fibras, como grãos, frutas, legumes e verduras. Proteínas leves como aves, ovos, peixes, leite e iogurte, de preferência sem gordura, também são bastante recomendadas. Além disso, é importante evitar o consumo de açúcar, adoçantes, doces em geral, gorduras trans e carnes vermelhas.
- Terapia de compressão:
As meias compressivas são grandes aliadas para melhorar a circulação sanguínea e reduzir o inchaço nas pernas. Isso porque elas pressionam, de forma gradual, a área em que o fluxo sanguíneo esteja comprometido. Por isso, elas ajudam a diminuir a dor e o desconforto que o acúmulo linfático pode trazer, controlam o progresso da doença e, ainda, melhoram a qualidade de vida das pacientes.
- Drenagem linfática manual:
Para estimular o sistema linfático e ajudá-lo a fazer uma drenagem adequada, a drenagem linfática manual é uma terapia que, assim como as meias de compressão, desempenha uma função essencial na melhora da circulação e no alívio do inchaço. Como resultado, a paciente, geralmente, consegue se locomover mais facilmente.
- Cirurgia:
Recomendada em casos mais avançados, a cirurgia de lipoaspiração é utilizada para remover o excesso de tecido adiposo, reduzir os sintomas do lipedema e melhorar a qualidade de vida da paciente com a doença. Quando realizada de forma adequada, a cirurgia pode trazer resultados positivos e duradouros.