Lidar com a perda, especialmente a morte de alguém querido, é um processo intenso e único para cada pessoa. Segundo a psicóloga Neidiane Silva, o luto vai além do falecimento de um familiar, podendo surgir com rupturas significativas, como o fim de um relacionamento ou a perda de um emprego. “O luto é uma reação natural à perda e pode afetar profundamente a saúde mental, gerando tristeza intensa, ansiedade e até sintomas físicos”, explicou a especialista.
Neidiane conversou com a Folha sobre os efeitos do luto, um processo que pode afetar intensamente a saúde mental de quem vivencia uma perda significativa. Segundo ela, embora o luto seja mais associado à morte de uma pessoa querida, ele também pode surgir em situações como o término de um relacionamento, a perda de um emprego ou mudanças significativas na rotina. Para a psicóloga, compreender as fases do luto e buscar apoio são passos importantes para atravessar essa experiência de forma saudável.
“Quando alguém perde uma pessoa amada, o corpo libera hormônios como o cortisol, que é o hormônio do estresse, em excesso. Esse desequilíbrio pode causar sintomas físicos, como perda ou aumento de apetite, insônia, ansiedade e tristeza profunda”, disse Neidiane. Ela explica que o processo de luto costuma passar por cinco fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.
“Cada pessoa lida com essas fases de maneira única e nem sempre segue essa ordem. É comum que alguém viva a raiva e a barganha simultaneamente ou pule alguma fase”, acrescentou.
Além do luto comum, Neidiane destacou outros tipos que também impactam a saúde mental. O luto antecipatório, por exemplo, ocorre entre amigos e familiares de pessoas com doenças terminais, que começam a sentir a perda antes que ela de fato ocorra. Já o luto complicado, ou crônico, envolve sofrimento crescente e, ao contrário do luto comum, a dor não diminui com o tempo.
“Se as emoções intensas persistirem e interferirem na rotina, é essencial buscar apoio psicológico, pois o luto não resolvido pode levar a quadros de depressão ou ansiedade mais graves”, recomendou.
Neidiane também alertou que crianças, adolescentes, idosos e pessoas com histórico de saúde mental estão entre os grupos mais vulneráveis ao impacto negativo do luto. Em suas palavras, “esses grupos podem ter mais dificuldade para processar a perda, especialmente em situações traumáticas ou de morte inesperada”.
A importância do apoio e da escuta durante o luto
Para quem passa por um processo de luto, Neidiane sugere algumas estratégias: terapia individual com profissionais especializados, grupos de apoio e, se necessário, o uso de medicamentos. Ela enfatiza que se informar sobre o luto e contar com uma rede de apoio fazem grande diferença nesse processo. “É fundamental se permitir sentir a saudade e a tristeza, mas também buscar novos significados para continuar”, concluiu.