Melatonina: Mitos e verdades sobre o hormônio do sono segundo especialista

A dosagem correta de melatonina é essencial para evitar efeitos adversos, como dores de cabeça e náuseas

O especialista reforça que, como qualquer medicamento, o uso da melatonina deve ser cuidadosamente avaliado e monitorado para garantir a segurança e eficácia no tratamento do sono (Foto: Raisa Carvalho)
O especialista reforça que, como qualquer medicamento, o uso da melatonina deve ser cuidadosamente avaliado e monitorado para garantir a segurança e eficácia no tratamento do sono (Foto: Raisa Carvalho)

O uso da melatonina como suplemento para melhorar o sono deve ser feito com responsabilidade e sob prescrição médica, alerta Danilo Avelar, professor de Biomedicina e especialista em Farmacologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB). Ele explica que, embora amplamente conhecida por regular o ciclo do sono, a melatonina também desempenha outras funções no organismo.

Avelar destaca que a melatonina é produzida pela glândula pineal, localizada no cérebro, e sua função principal é ajustar o ciclo circadiano – o “relógio biológico” que regula o sono, a fome e a percepção de luz e escuridão. “A melatonina é liberada quando há ausência de luz, preparando o corpo para dormir, e sua produção atinge o pico entre 2h e 3h da manhã”, explica o especialista.

O hormônio também pode ser encontrado em alimentos como carnes, laticínios, vinho e frutas. No entanto, Avelar afirma que não há evidências científicas conclusivas de que o consumo desses alimentos eleve significativamente os níveis de melatonina no sangue.

Uso suplementar e benefícios

O uso da melatonina sintética é indicado em situações que perturbam o sono, como estresse, uso de medicamentos ou envelhecimento, que pode reduzir a produção natural do hormônio. Ela pode ser útil para tratar jet-lag e auxiliar idosos ou crianças com transtornos como TDAH ou autismo, mas não deve ser vista como tratamento para insônia. Avelar ressalta que o suplemento deve ser utilizado apenas sob orientação médica.

Além de promover o sono, a melatonina tem propriedades antioxidantes e pode proteger o sistema nervoso, ajudando a prevenir doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. “A melatonina também pode fortalecer o sistema imunológico e melhorar o humor, além de ajudar a reduzir os riscos de estresse, ansiedade e depressão”, acrescenta.

Cuidados e efeitos colaterais

A dosagem correta de melatonina é essencial para evitar efeitos adversos, como dores de cabeça, náuseas, sonolência excessiva e aumento da pressão arterial. De acordo com a Anvisa, a dose máxima permitida para adultos é de 0,21 mg por dia, sendo que em crianças o uso deve ser supervisionado por um médico. A suplementação não é recomendada para gestantes ou lactantes.

Interações medicamentosas

Avelar também alerta sobre possíveis interações da melatonina com outros medicamentos, como anticoagulantes, anticonvulsivantes e medicamentos para hipertensão. Em alguns casos, pode haver aumento no risco de sangramento ou redução na eficácia de tratamentos, especialmente em pacientes com condições neurológicas ou que tomam anticoncepcionais e remédios para diabetes. A combinação com medicamentos que atuam no sistema nervoso central pode intensificar os efeitos sedativos, exigindo ainda mais cautela no uso.

O especialista reforça que, como qualquer medicamento, o uso da melatonina deve ser cuidadosamente avaliado e monitorado para garantir a segurança e eficácia no tratamento do sono.

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