Um estudo desenvolvido por especialistas do Instituto do Sono em parceria com alunos de doutorado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) trouxe uma importante descoberta sobre o sono das mulheres e sua relação com o ciclo menstrual. Apresentada recentemente no Congresso da Sociedade Americana de Medicina do Sono, nos Estados Unidos, a pesquisa revelou que as mudanças hormonais ao longo da vida reprodutiva da mulher podem afetar significativamente seu padrão de sono.
Durante o ciclo menstrual, a oscilação dos níveis hormonais, especialmente do estrogênio e da progesterona, desencadeia alterações físicas e psicológicas, tais como inchaço nas mamas, aumento do volume abdominal, cólicas, irritabilidade e ansiedade. Entre as queixas frequentes das mulheres, destaca-se a piora do sono. O estudo realizado pelo Instituto do Sono e pela Unifesp revelou que durante o período menstrual, as mulheres demoraram até três vezes mais para adormecer em comparação à fase posterior ao sangramento.
A ginecologista Helena Hachul, uma das autoras do estudo, ressaltou a importância das pacientes registrarem em seus calendários menstruais os dias em que enfrentaram dificuldades para dormir. Essa informação é valiosa para os médicos, pois possibilita verificar a relação entre o sono e o ciclo menstrual. A partir dessa análise, os profissionais podem avaliar o impacto das questões hormonais no sono e indicar tratamentos adequados, como o uso de anticoncepcionais ou outros medicamentos.
A pesquisa contou com a participação de 96 mulheres, divididas entre as fases folicular (29), lútea (42) e menstruação (25). Cada uma delas respondeu a um questionário detalhado, passou por exame de polissonografia durante uma noite e teve amostras de sangue coletadas para análise dos níveis hormonais e identificação da fase do ciclo em que se encontravam.
Os resultados revelaram que na fase folicular, as mulheres demoraram cerca de 7,1 minutos para adormecer. Na fase lútea, esse tempo aumentou para 15,9 minutos após deitar na cama. Já as mulheres menstruadas tiveram que esperar, em média, 22,3 minutos até conseguirem pegar no sono. Além disso, os pesquisadores também avaliaram a eficiência do sono, medida pelo tempo efetivamente dormido na cama. Esse percentual foi de 89,9% para as mulheres na fase folicular, em comparação com 83,7% na fase lútea e 83% na fase menstrual.
