Saúde e Bem-estar

No dia mundial da Síndrome de Down conheça a história do atleta Carlinhos

Estima-se que no Brasil ocorra um em cada 700 nascimentos, o que totaliza em torno de 270 mil pessoas com Síndrome de Down

O Dia Mundial da Síndrome de Down (SD), comemorado no dia 21 de março, é uma data de conscientização global, que celebra a vida das pessoas com a síndrome e para garantir que elas tenham as mesmas liberdades e oportunidades que todas as pessoas. 

A data escolhida representa a trissomia do 21º cromossomo que causa a síndrome. Isso quer dizer que as pessoas com síndrome de Down têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população.

De acordo com o Ministério da Saúde, a síndrome é a primeira causa conhecida de discapacidade intelectual, o que representa aproximadamente 25% de todos os casos de atraso intelectual, traço presente em todas as pessoas com a síndrome. No Brasil, estima-se que ocorra um em cada 700 nascimentos, o que totaliza em torno de 270 mil pessoas com Síndrome de Down. 

Ainda segundo o órgão, é necessário destacar que a SD não é uma doença, e sim uma condição genética inerente à pessoa, porém, está associada a algumas questões de saúde que devem ser observadas desde o nascimento da criança.

Uma pessoa com T21 é capaz de aprender e de se desenvolver. Assim como é o caso do atleta e  assistente de alunos, Carlos Gomes, de 26 anos. De acordo com a sua mãe, Socorro França, depois do diagnóstico da síndrome, Carlinhos, como gosta de ser chamado, fez acompanhamento com diversos profissionais para estimular o desenvolvimento e potencializar as suas capacidades, mas sempre respeitando o seu ritmo e as suas diferenças.

A história dele como atleta começou com uma recomendação médica. “O doutor pediu que eu levasse meu filho para fazer aulas de natação, porque grande parte das pessoas com T21 possuem cardiopatia, e mesmo que ele não tivesse, era uma maneira de previnir”, explicou. 


Socorro França, mãe de Carlinhos  (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Socorro contou que Carlos gostou da natação desde a primeira aula e desde então começou a se dedicar e passou a competir fora do estado. 

“Eu gosto de nadar, e competir viajando para outros lugares. Com a natação eu já viajei para Manaus, Fortaleza e São Paulo, e é muito legal”, disse Carlos. 

Além disso, Carlinhos está há cinco anos trabalhando como assistente de alunos em uma escola. “Eu terminei o ensino médio e fiz minha formatura. Agora eu sou um novo homem e estou trabalhando cuidando de crianças e sou muito feliz por ter chegado até aqui”, comentou. 

Assim como outros jovens, Carlos tem diversos sonhos; entre eles está o sonho de viajar sozinho, de abrir uma produtora de eventos e de se casar e formar uma família ao lado da sua namorada Vitória Arruda, que também tem síndrome de down.


Carlos Gomes e namorada Vitória Arruda (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Vitória e Carlos se conhecem desde pequenos, cresceram juntos e já estiveram um tempo afastados. No entanto, após o reencontro, reconheceram que o carinho entre eles era além de amizade e começaram a namorar. 

“A gente se gosta, a gente gosta de ficar junto, cuidamos um do outro e estamos sempre preocupados se o outro está bem. Eu gosto muito dela, queremos nos casar, ter nossa casa, construir nossa família e ficar juntos para sempre”, revelou. 

Vitória e Carlos fazem parte da Amar Down, uma associação para familiares e amigos de pessoas com a síndrome. De acordo com Elisangela Miné, presidente da AM, há aproximadamente 120 famílias cadastradas na associação, e histórias como a de Carlos são cada vez mais reais, mas para que isso aconteça, assim como qualquer outro ser humano, é necessário estimular desde a primeira infância para que ela se desenvolva e potencialize as suas capacidades, sempre respeitando o seu ritmo e as suas singularidades. 


Elisangela Miné, presidente da Amar Down em entrevista à Folha (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

“É necessário que se tenha um acompanhamento próximo, de familiares e de profissionais que respeitem o tempo e forma individual de aprendizado de cada criança”, disse. 

Elisangela também diz que é preciso deixar a criança desenvolver autonomia até nas pequenas coisas do dia a dia, como escolher a roupa que vai vestir, e o penteado que irá usar. “Assim, o exercício da capacidade lógica, de raciocínio, interpretação e organização das informações será, de forma gradativa, melhorada por meio do incentivo da instituição de ensino e dos familiares, que precisam deixar que a criança desenvolva e solucione suas tarefas sozinhas”, explicou.