A hora da alimentação chega e a tensão na mesa só aumenta. A criança se recusa a comer verduras? Torce o nariz para diferentes alimentos? Só aceita comer com negociação? E começa a chorar quando não lhe é servido o prato que deseja? As nutricionistas Flávia Gonçalves e Lusyanny Albuquerque, que ministram aulas no curso de Nutrição do Centro Universitário Estácio da Amazônia, aconselham o que deve ser feito para que a criança tenha uma alimentação balanceada.
Para Flávia, o momento de alimentação deve ser caracterizado para a criança como uma hora tranquila, sem pressão. Assim, a criança não vai encarar a refeição como uma parte obrigatória do dia, mas sim como uma ocasião onde se deve priorizar o prazer proporcionado pela alimentação saudável.
Segundo a nutricionista, é importante que o cardápio da criança seja variado, possuindo alimentos diferentes preparados de formas distintas. Ela relata que um alimento deve ser oferecido no mínimo 10 vezes, com intervalos entre os dias. “Não deixar de oferecer alimentos variados, mesmo que a criança rejeite. Somente após várias tentativas podemos reconhecer que a criança realmente não gosta daquele alimento. A família deve ter paciência durante esse processo e principalmente servir de exemplo para a criança”, esclareceu ela.
A nutricionista Lusyanny explicou que a ausência de apetite pode ser apenas uma fase, que quando tratada com paciência, amor e criatividade não ocasionarão traumas alimentares às crianças. De acordo com ela é importante respeitar a capacidade gástrica de cada criança. “Primeiro ponto, seu filho não come nada? Ou come pouco? Lembre-se: as crianças têm necessidades nutricionais diferentes dos adultos e sua capacidade gástrica é menor. A criança não vai comer um prato com a quantidade semelhante à sua. Assim as porções são menores”, advertiu.
As nutricionistas explicam que na fase pré-escolar é normal que algumas crianças comecem a recusar alimentos. É necessário ressaltar que os alimentos saudáveis não devem ser substituídos por doces ou produtos industrializados a fim de aumentar a quantidade de alimentos consumidos. Nessas situações a criança também deve compreender que não existem negociações quando se trata de uma alimentação saudável. “É melhor o seu filho comer pequenas quantidades das refeições que você ofertar, que são nutricionalmente adequadas do que comer grandes quantidades de guloseimas, bebidas açucaradas e alimentos industrializados, que em sua grande maioria não oferecem os nutrientes que seu filho precisa para crescer e, ainda são ricos em açucares, conservantes, corantes, aromatizantes e gorduras”, salientou Lusyanny.
Para manter uma alimentação saudável a criança precisa que os exemplos comecem dentro de casa. Ela precisa ver sua família se alimentando de forma saudável, manter os hábitos de sentar à mesa na hora das refeições e estimular a variedade alimentar presente no cardápio. A alimentação saudável deve ser incentivada desde a introdução alimentar, que é o momento que a criança começa a ter contato com os alimentos. “Atenção, as crianças estão aprendendo a comer também e, os seus modelos são as pessoas que convivem diariamente com ela. Se você, papai, mamãe ou cuidador da criança não segue os princípios de uma alimentação saudável, não será uma tarefa fácil incentivar a criança a seguir uma alimentação saudável”, disse a nutricionista.
Para melhorar os hábitos alimentares do filho, os pais ou responsáveis precisam conversar com a criança, saber suas preferências, educar a criança, fazer com que ela conheça os alimentos que está experimentando. “Leve o seu filho às feiras e supermercados e ensine-o a escolher os alimentos. Você também pode incluí-lo no preparo das refeições. Converse com seu filho, fale sobre a importância de comer frutas, verduras e legumes diariamente”, relatou.
De acordo com Flávia, o ideal é que um nutricionista seja procurado para realizar a orientação dos responsáveis quanto à alimentação da criança. A nutrição deve ser individualizada seguindo as preferências e indicações de cada pessoa. “A recusa alimentar deve ser investigada com ajuda de um nutricionista. A causa pode ser orgânica ou emocional, mas na maioria dos casos o problema é comportamental. Neste sentido precisamos corrigir o comportamento não só da criança, mas também da família”, finalizou a nutricionista.