Ao menos seis pessoas foram infectadas com HIV, no Rio de Janeiro, após receberem órgãos de doadores contaminados com o vírus. Um dos pacientes morreu dois dias após a cirurgia. Os casos foram identificados entre os dias 13 de setembro e 2 de outubro, após denúncias direcionadas ao laboratório responsável pelos testes.
Conforme informações da rádio BandNews FM, os pacientes receberam órgãos de dois doadores mortos, que deram rins, fígados, córneas e outras partes do corpo, na manhã desta sexta-feira, 11. Os órgãos foram testados em um laboratório particular em Nova Iguaçu (RJ), o PCS Lab, e deram falso negativo para o vírus.
As primeiras suspeitas surgiram em 10 de setembro, quando um paciente que recebeu um coração transplantado apresentou mal-estar e procurou um hospital. Lá, foi diagnosticado como portador de HIV, apesar de ter testado negativo antes do procedimento
Um segundo teste, realizado no Hemocentro do Rio de Janeiro em uma amostra preservada do coração do doador, confirmou a contaminação do sistema cardiovascular do doador pelo vírus. Um terceiro teste, conduzido pela Fiocruz, corroborou o diagnóstico de HIV no transplantado.
Quatro pessoas receberam órgãos deste doador, incluindo a vítima que morreu, embora ainda não se saiba se a causa do óbito está relacionada à infecção. Outros três transplantados também testaram positivo para HIV.
Em 2 de outubro, um segundo caso foi detectado, quando uma paciente apresentou sintomas após receber órgãos também testados pelo PCS Lab. Em um primeiro momento, a suspeita era de que ela havia recebido órgãos do mesmo doador, mas foi confirmado que se tratava de outro corpo, também com resultado falso negativo para HIV.
Investigação iniciada pela Secretária de Sáude do RJ, Anvisa e Ministério Público
Após as denúncias, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro iniciou uma investigação e entrou em contato com mais pacientes transplantados. Outros 286 doadores do PCS Lab estão sendo reavaliados, e até 600 pessoas podem ter sido expostas ao vírus durante cirurgias.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) investigou o laboratório e encontrou várias irregularidades, como a falta de kits para transplantes. O laboratório, que está temporariamente suspenso, tem contratos com a Prefeitura de Nova Iguaçu desde 2021. A licitação, no valor de R$ 11 milhões, também será alvo de análise. A investigação deve ser concluída até 7 de novembro. O Ministério Pública também investiga o caso.