Saúde e Bem-estar

Prepare o seu filho para ingressar na escolinha

A educação começa em casa, noções de respeito e partilha facilitam a adaptação

É comum os pais ficarem preocupados com a adaptação do filho quando ele ingressa na escola. Será que ele vai gostar, vai fazer amiguinhos, vai respeitar a professora… Essas são algumas das indagações que podem não deixar os pais tranquilos.

Noções de convivência, de respeito ao espaço do outro e de saber compartilhar brinquedos e materiais são alguns dos pré-requisitos para que o seu filho entre na escolinha com o pé direito, se divertindo e aprendendo muito.

“A criança deve ter capacidade de compreender ordens e saber que, enquanto estiver na escola, a professora será a pessoa responsável por ela e, se houver a necessidade, a escola entrará em contato com os pais”, afirma a psicóloga da UNIFESP, Maria Dirce Benedito. Confira algumas sugestões para você educar o seu filho em casa e começar a prepará-lo para frequentar a escola.

Pequenas atitudes, grandes mudanças

De acordo com a psicóloga Fernanda Spengler, do Centro Médico Louis Pasteur, em Blumenau- SC, a criança já deve participar da rotina da família (refeições, passeios, conversas) desde muito pequena, sempre enfatizando a individualidade de cada um.

“Algumas atitudes podem ser praticadas antes do ingresso à escolinha, como respeitar e valorizar as escolhas da criança dentro das possibilidades, ajudá-la a organizar os seus brinquedos, incentivá-la a ter responsabilidades sobre os seus objetos e as suas atitudes e mostrar concretamente o resultado de suas ações, para que ela possa compreender a relação entre atitudes e consequências e ainda compartilhe com os demais”, ressalta a especialista.

O que não pode ser esquecido é que, para ensinar esses valores às crianças, é preciso vivenciá-los na prática, no cotidiano. Antes de tudo, ela precisa de uma rotina organizada e tranquila em casa, de modo que a família também compartilhe essas atitudes entre si.

Segundo a psicóloga do Departamento de Pediatria da UNIFESP, Maria Dirce Benedito, o desenvolvimento infantil envolve fases.

“Cada fase representa um nível de maturidade do ciclo do desenvolvimento e nos fornece subsídios para acompanharmos e avaliarmos as progressões rumo à maturidade”, enfatiza.

O comportamento da criança desde o nascimento até os cinco anos de idade distingue-se em comportamento motor, comportamento adaptador, comportamento da linguagem e comportamento sócio pessoal (andar, falar, controle da urina e evacuação e compreender regras).

“Cada uma dessas áreas, ao serem atingidas, garantirá à criança um grau de individualidade e autonomia que lhe possibilitará a inserção ao meio social mais amplo e com maior segurança”, conta a psicóloga.

Aprendendo a compartilhar

Em um primeiro momento, a criança ainda tem dificuldade de compartilhar porque isso significa a perda de algo que ela goste. Por isso, sente-se irritada quando alguém usa o seu brinquedo ou algo que é dela.

“Para que a criança possa começar a compreender essa relação, enfatizamos a troca,”você usa o meu e eu uso o seu”, algo nesse sentido”, indica a psicóloga Fernanda Spengler. Depois desse momento, é hora de introduzir o conceito de empréstimo, deixá-la usar algo com tempo determinado para devolver e estimulá-la a fazer o mesmo.

A psicóloga da UNIFESP, Maria Dirce Benedito, explica que uma técnica interessante – principalmente quando é filho único, com pouca vivência em dividir brinquedos com outras crianças – é frequentar parques e festas infantis, deixando a criança com outras de idade semelhante. Também é uma boa ideia estimular a doação de brinquedos que já não são tão importantes para o pequeno no momento.

Fonte: Roberta Lemgruber/Redação Minha Vida


Ninguém sabe tudo (nem eu e nem você)

Autora: Roberta d’ Albuquerque

Solucione o problema e corrija o enunciado se necessário. Era a primeira frase da lição de matemática que minha filha mais nova concentrava-se para responder. Tentou achar solução possível sem trair a certeza de que o que é oficial (o que vem de fonte segura – a professora) não carece de correção, mas ela acabou por canetar o papel. E com tinta vermelha para garantir o pacote completo.

Naturalmente o equívoco da lição era proposital. Tenho 56 canetas e sete estojos, quero dividi-las em quantidades iguais, de quantos estojos preciso? Estão lançadas aí duas dificuldades que são, para mim, absolutamente ilustrativas de nosso tempo: 1. Tem nos interessado dividir em partes iguais? 2. Em que medida naturalizamos a prioridade da quantidade de estojos em detrimento da quantidade de canetas? 

Que exercício interessante esse, não? Para além da divisão, operação sobre a qual dedicam a atenção neste semestre, está posta na tarefa a abertura para a dúvida, mais do que isso, esta posta a notícia de ouro: o erro é democrático. Dos professores aos pais e alunos, erramos todos.

E já que ninguém sabe tudo, questionar é preciso. Propor reparo e, para tanto, oferecer as suas ideias, pôr à prova um raciocínio capaz de não somente apontar o erro (que pode inclusive ser o seu), mas de dar conta de uma equação. Que essa medida ultrapasse os enunciados e se torne um hábito. Faz-se urgente.