SAÚDE INDÍGENA

Profissionais da saúde indígena denunciam condições precárias e ameaçam paralisação

Assembleia extraordinária discutirá greve após denúncias de falta de estrutura e descaso no território Yanomami

Foto: Divulgação/Fiocruz
Foto: Divulgação/Fiocruz

A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Serviço de Saúde de Roraima (Siemesp/RR), Joana Gouveia Mendes, anunciou a realização de uma assembleia geral extraordinária na próxima quarta-feira (12), para discutir a possibilidade de uma greve dos trabalhadores da saúde indígena, especialmente nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) Yanomami e Leste. A decisão surge diante de uma série de problemas enfrentados pelos profissionais, como atrasos salariais, falta de condições de trabalho e ameaças constantes no território.

A presidente do sindicato, Joana Gouveia, pontua as reivindicações da classe – Foto: Arquivo pessoal

Joana destacou que mais de mil profissionais serão impactados pela possível greve, que afetará diretamente o atendimento à população indígena. Entre os principais problemas relatados estão a falta de pagamento de benefícios como o adicional noturno e a ajuda de custo por pernoite, além da ausência de reajuste salarial para as categorias.

“Já existe uma lei que obriga o pagamento de dois salários mínimos para os agentes de combate à endemia, mas isso não é cumprido”

A presidente do sindicato também denunciou a falta de segurança e as condições insalubres enfrentadas pelos trabalhadores.

“Muitos entram no território com medo, mas são obrigados a trabalhar porque dependem do emprego para sustentar suas famílias”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



Ela citou ainda a falta de comunicação em alguns polos-base, a contaminação da água e a dificuldade de transporte aéreo para emergências, especialmente para gestantes, que são obrigadas a permanecer seis meses no território sem condições adequadas de assistência.

Outro ponto crítico é a centralização das decisões administrativas em Brasília, o que dificulta a resolução de problemas locais. “A empresa responsável pelos serviços, a AgSUS, não resolve questões no escritório local. Tudo precisa ser enviado por e-mail, e nunca há resposta”, criticou Joana.

Assembleia Geral

A assembleia geral ocorrerá na próxima quarta-feira, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Roraima (Sintras/RR), localizada na Rua Rotary, nº 351, bairro Mecejana. A reunião terá início às 8h30 em primeira convocação e às 9h em segunda convocação.

A pauta principal será a votação para deflagração de greve de todas as categorias profissionais por tempo indeterminado, dos trabalhadores contratados pela Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS), que prestam serviços junto ao Distrito Sanitário Indígena Yanomami da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde. Entre as reivindicações estão:

  • Falta de medicamentos e condições precárias dos alojamentos;
  • Materiais de manutenção e falta de segurança para os profissionais trabalharem em território;
  • Pagamento de insalubridade grau máximo para todos que atuam em território;
  • Pagamento dos pernoites fixo mensal;
  • Pagamento do piso salarial dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) e insalubridade de 40% sobre o piso;
  • Reajuste salarial de 8% para todas as categorias;
  • Disponibilização de voos em dias para fazer as remoções e trocas de equipes;
  • Implementação de comunicação (internet) em todos os polos bases e subpolos;
  • Fornecimento de água potável e gás de cozinha em território indígena;
  • Disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs);
  • Transporte para levar e trazer os trabalhadores da Casa de Saúde Indígena (CASAI);
  • Conforto adequado para o descanso dos trabalhadores que atuam na CASAI;
  • Transporte para levar os trabalhadores para suas casas após os 30 dias trabalhados em território indígena.

A situação, classificada como “caótica” pela presidente do sindicato, já dura desde janeiro de 2023, quando foi declarada emergência na saúde indígena. A expectativa era que a medida trouxesse melhorias, mas, segundo Joana, “cada dia que passa, só piora”.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.