A implementação de ações para o enfrentamento da hanseníase é o tema principal de uma capacitação para profissionais de saúde em Roraima. A atividade acontece ao longo de três dias e segue até esta quarta-feira, 24.
Além da parte teórica, a capacitação contará com uma etapa prática para médicos. Será realizada nesta terça-feira, 23, na Unidade de Telemedicina do Buritis, situada na rua Armando Nogueira, 661, bairro Buritis.
A capacitação é sediada no auditório da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde, no bairro São Francisco, tendo como público-alvo médicos, fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros que atuam na Atenção Primária à Saúde dos municípios de Boa Vista, Caroebe, Rorainópolis e São Luiz. A iniciativa, da Sesau (Secretaria de Saúde), conta com a parceria com o Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde e Fundação Sasakawa de Saúde.
“Essa é uma grande quantidade de pessoas sendo capacitadas para realizar o diagnóstico precoce e prestar um serviço de qualidade para os pacientes e evitar que eles cheguem a buscar o atendimento na forma grave da doença”, afirmou a gerente do Núcleo de Controle da Hanseníase, Rita Fonseca.
Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a segunda posição do mundo entre os países que registram casos novos. Roraima notificou 54 novos casos em 2023 e 16 casos no início de 2024. A gerente do NCH explicou ainda que Roraima é o primeiro Estado a implantar o Projeto Sasakawa, que visa fortalecer a Atenção Primária à Saúde no desenvolvimento das ações voltadas para a interrupção da cadeia de transmissão, além do enfrentamento ao preconceito às pessoas acometidas pela doença.
“Ano passado o Estado implantou os testes rápidos, e nesse ano aumentou a quantidade de contatos [pessoas que tiveram contato com a pessoa contaminada], o que é muito importante porque uma vez o paciente sendo diagnosticado de forma precoce, podemos quebrar a cadeia de transmissão e iniciar tratamento desses pacientes”, destacou.
A enfermeira Gracine Mota espera ampliar o conhecimento sobre o diagnóstico e tratamento adequado aos pacientes após os três dias de capacitação. “Eu acho super importante [a capacitação] porque em nosso dia a dia temos que saber trabalhar de forma correta com o paciente no diagnóstico e no tratamento”, ressaltou.
Sobre a doença
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae , que atinge principalmente a pele e os nervos, e, embora curável, ainda permanece endêmica em várias regiões do mundo, principalmente na Índia e no Brasil.
A transmissão ocorre principalmente por meio das vias respiratórias quando se convive muito tempo com o doente sem tratamento. A maioria das pessoas é resistente, ou seja, entra em contato com o bacilo e não adoece.
A doença tem cura e o tratamento em geral deve ser amplo visando a atenção integral ao paciente focado em restabelecer o bem estar físico, psíquico, emocional e social. “A doença causa sequelas irreversíveis, como lesões, manchas, feridas, as pessoas perdem os movimentos dos pés e mãos e pode ocorrer até mesmo a amputação”, pontuou Rita.
O tratamento é feito nos postos de saúde municipais gratuitamente, enquanto o Estado é responsável pela distribuição dos testes rápidos e dos medicamentos de tratamento para essas unidades, além do atendimento com especialistas na Policlínica Coronel Mota, no Centro de Boa Vista.