Muitos conhecem o trabalho do psicólogo e do psiquiatra no âmbito do atendimento clínico psicoterapêutico, nos hospitais, nas empresas e etc. Porém, muitos desconhecem o quanto o trabalho desses profissionais na área esportiva pode ser benéfico tanto para o atleta quanto para a equipe.
Nessa estrutura, o psicólogo atua analisando e transformando os determinantes psíquicos que interferem no rendimento do atleta.
“É comum os atletas focarem mais nos aspectos físicos como exercícios diários, treinamentos intensos, preparação e condicionamento. Contudo, é necessário o atleta não esquecer também de cuidar dos aspectos psicológicos, pois estes podem fazer com que o rendimento esportivo seja prejudicado”, relata o psiquiatra Alberto Iglesias,
Segundo ele, os atletas muitas vezes podem sofrer por estresse e ansiedade, lapso, desmotivação, excesso de autoconfiança, pressão por parte dos técnicos e familiares e excesso de autocobrança.
“O estresse a ansiedade são os vilões entre os fatores que podem prejudicar o desempenho e o rendimento do atleta, pois ambos causam mudanças psicofisiológicas, isto é, alterações tanto no aspecto físico quanto psicológico, tais como: aceleração cardiorrespiratória, tensão muscular, redução do campo de visão periférica, diminuição na atenção, concentração e tomada de decisão”, explica o especialista.
Todos os atletas, principalmente os de alto desempenho, necessitam antes de tudo, de um grau de concentração e atenção bastante elevado, visto que uma distração pode arruinar uma competição. Com isso, um atleta que apresenta um nível altíssimo de estresse e ansiedade pode, sem dúvidas, ser bastante prejudicado, principalmente devido à aceleração cardiorrespiratória e à tensão muscular, que interferem no desempenho físico.
Para o psiquiatra, a desmotivação do atleta sobre o esporte também é um complicador muito significativo, já que quando as pessoas não estão muito interessadas em algo, é esperado que haja uma diminuição do investimento psíquico neste algo.
“No caso do atleta, se ele não tiver interesse no esporte, é comum que suas energias psíquicas não sejam tão direcionadas para aquele esporte, tal como se ele de fato tivesse desejo por aquilo, e isto acaba prejudicando seu desempenho e o desmotivando gradativamente”, diz.
O excesso de autoconfiança ocorre quando o atleta já considera aquela competição como ganha (por já ter ganhado muitas vezes, ou por estar no primeiro do ranking naquela modalidade, por exemplo). Isto faz com que suas potencialidades de melhorar o seu desempenho sejam impedidas, pelo fato do atleta não se esforçar mais por se considerar já como campeão.
“Já o excesso de autocobrança pode fazer com que o atleta crie metas idealizadas, isto é, metas que vão além do seu alcance naquele momento. Este fato fica claro, por exemplo, em atletas amadores que logo quando se inserem no mundo esportivo querem competir juntamente com atletas de alto desempenho. Esta autocobrança excessiva faz com que a ansiedade e o estresse do atleta aumentem, prejudicando seu rendimento”.
Outro fator que pode complicar muito a vida do atleta e seu desempenho é a pressão exercida tanto pela família quanto pelo técnico. Se o atleta já tiver o perfil de autoexigência grande, pode fazer com que haja tanto um quadro exacerbado de ansiedade e estresse quanto gerar desmotivação para o esporte e inibições.
No âmbito do grupo, o psicólogo irá atuar, de forma multidisciplinar, junto à equipe (time) auxiliando na solução de conflitos, proporcionando uma maior coesão do grupo, sendo este um fator essencial para um bom rendimento.
“Além disso, avaliar se a liderança do técnico/treinador até sendo fonte de ansiedade para a equipe também pode ser uma forma de atuação do psicólogo. Além dessas atuações, o psicólogo também poderá trabalhar na reabilitação de pacientes que sofreram algum tipo de lesão física, para que fatores psicológicos não se tornem bloqueadores para a continuação de atividades físicas e o sofrimento psicológico seja minimizado”, ressalta.