Professores, alunos e familiares vêm enfrentando dificuldades de adaptação ao novo formato de aulas imposto pela pandemia da Covid-19, e apesar de não haver previsão de volta à normalidade, algumas escolas começam a adotar o sistema híbrido de ensino, ou seja, modalidade que combina aprendizagem remota e presencial.
Com o fim das férias escolares, os pais assumem um importante papel de procurar mecanismos para evitar desgastes na readaptação das crianças à escola, o que inclui dar mais atenção à saúde mental dos pequenos.
A psicopedagoga e professora da Uerr (Universidade Estadual de Roraima), Jussara Barbosa, recomenda que o primeiro passo para cuidar da saúde mental das crianças seja propor um espaço para que os filhos possam dialogar sobre suas emoções, o que estão sentindo nesse momento e quais as dúvidas sobre o retorno às atividades escolares.
Apesar de tão desejado, o retorno às aulas presenciais ganha ainda um ar de preocupação quanto à saúde dos pequenos que ainda não compreendem muito bem o chamado “novo normal”, e precisarão adaptar-se ao distanciamento social.
“Trata-se de readaptação a uma nova forma de convivência, o que acaba limitando a interação social. E, explicar para a criança que ela não pode estar tão próxima dos amigos fisicamente, mas que isso não deverá impedir sua interação social, é um aprendizado e precisa ser repassado com muita segurança ”, destacou.
Jussara vê ainda a necessidade de os educadores estarem preparados para receberem as crianças, oferecendo apoio emocional por meio de dinâmicas e atividades lúdicas, possibilitando que os pequenos expressem seu emocional e angústias, e frisa a importância da presença de um psicólogo e psicopedagogo na equipe escolar.
“Porque essas questões surgirão na sala de aula, como a insegurança, o sofrimento. E a equipe precisa ter esse suporte psicológico”, reforçou.
Durante a pandemia, muitas pessoas sofreram perdas como de emprego e também a morte de familiares e amigos. Para conversar sobre as diversas mudanças ocorridas nesse período, Jussara orienta que os pais se mostrem receptivos às questões trazidas pelas crianças.
“Muito mais que instigar essas conversas, é importante que os pais se tornem receptivos às situações que os filhos possam trazer, desenvolvendo a empatia, o respeito e ajudando a criança a ressignificar situações de sofrimento, o que também é aprendido a partir desse equilíbrio e cuidado emocional nesse momento, não só para as crianças, mas também para os pais”, concluiu.