Saúde e Bem-estar

Taxa de ocupação dos leitos de UTI no Brasil está acima de 90%

Para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o país vive a maior crise sanitária e hospitalar de sua história

A taxa de ocupação dos leitos de UTI no Brasil está acima de 90% em 16 estados da federação. Em três deles, a taxa de ocupação é acima de 100% – há mais pacientes do que leitos disponíveis. Entre os 26 estados e o Distrito Federal, apenas Roraima e o Rio de Janeiro têm uma ocupação abaixo de 80%. Este, porém, tem verificado um crescente de casos e deve ultrapassar a barreira de 80% de ocupação em pouco tempo. Em São Paulo, pela primeira vez na história, a rede privada pediu leitos ao SUS – usualmente, o que acontece é o contrário: a rede pública de saúde é quem aluga leitos privados para
dar conta da demanda. Para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o país vive a maior crise sanitária e hospitalar de sua história. 

Mas, na prática, o que significa o colapso no sistema de saúde? Como ele afeta os doentes de Covid-19 e as pessoas que estão sofrendo de outras doenças? Há perspectiva para que a situação melhore? A seguir, veja respostas sobre as dúvidas mais frequentes sobre o colapso hospitalar que o Brasil enfrenta.

O que significa a taxa de ocupação?
Trata-se de um média calculada a partir do número de leitos disponíveis em uma cidade ou estado. Suponhamos que um estado brasileiro tenha 10 leitos distribuídos por seu território e 9 estejam ocupados. Isso significa uma taxa de ocupação de 90%. Em muitos lugares, a diferença entre 90% e 100% é de apenas alguns casos, o que explica a gravidade da situação.

Por que devo me preocupar com a ocupação de leitos de UTI?
A taxa de ocupação diz respeito a um determinado território. Isso não significa, porém, que não haja plena ocupação em alguns bairros, por exemplo, ou que não haja uma demanda por leitos acima da capacidade de certo hospital ou região.

Além disso, não basta ter leitos. É preciso ter profissionais em quantidade suficiente para atender a esses pacientes, os chamados médicos intensivistas, profissionais muito qualificados e que representam menos de 2% do total de médicos registrados no Brasil. Além de enfermeiros e fisioterapeutas, muito importantes no tratamento dos casos mais graves de covid-19. Ou seja, mesmo que haja excedente de vagas, é preciso haver equipe disponível para atender – e bem – esses pacientes.

Esses dados referem-se apenas aos leitos disponíveis para os pacientes graves de Covid-19?
Sim. Mas isso não melhora em nada – absolutamente nada – a situação, uma vez que a maior parte dos leitos está alocada para a Covid-19 e há outras doenças e catástrofes – como incêndios e acidentes automobilísticos – que também demandam atendimentos em UTIs.

E por que não se amplia a quantidade de leitos?
Aí é que está: houve ampliação de leitos em uma série de estados brasileiros, como o Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e a Paraíba. Mas isso demanda recursos financeiros e humanos – ambos escassos. No caso financeiro, há ainda as indefinições orçamentárias com relação a 2021. O orçamento do Governo Federal deve ser votado somente na próxima semana. Só então será definido o valor disponível para a saúde, motivo de preocupação entre especialistas, dada a gravidade do nosso quadro. Com a alta de casos, o Brasil é o epicentro mundial da pandemia.

Fonte: Guia do Estudante

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