Tristeza, alegria, angústia, euforia. As emoções são muitas e, para algumas pessoas, as oscilações nos sentimentos são tão acentuadas que alteram o comportamento e prejudicam a saúde. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), o transtorno afetivo bipolar atinge atualmente cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e é considerado uma das principais causas de incapacidade.
De acordo com os especialistas, é preciso combater os estigmas e alertar para a necessidade de cuidar do bem-estar mental e ficar atento aos principais tipos e sintomas dessa doença.
A psiquiatra Kássia Medeiros, que atua no Caps III (Centros de Atenção Psicossocial) explica que o transtorno bipolar é uma doença mental crônica que pode variar em gravidade e necessita de acompanhamento psiquiátrico contínuo. “Alguns casos de maior gravidade necessitam do acompanhamento multidisciplinar com psicologia, terapia ocupacional, serviço social, educação física, entre outros”, esclarece.
Ela ressalta que se trata de uma doença psiquiátrica crônica, cuja principal característica é a alteração de humor. “A família tem um papel muito importante, tanto para o diagnóstico do transtorno bipolar quanto para o tratamento, já que na maioria das vezes são eles que costumam alertar o paciente de que não está bem e precisa buscar um profissional. Nesses casos, é necessário que a família do paciente deixe de lado os estigmas e comece a entender o transtorno bipolar, para aprenderem junto com o paciente a lidar com a doença e suas consequências”, reforça.
Acompanhamento pode ser feito no SUS
A diretora do Departamento de Políticas de Saúde Mental, Sofia Maria Salomão, explica que em Roraima os atendimentos são feitos conforme a gravidade de cada quadro. “Os pacientes com transtorno afetivo bipolar são atendidos conforme a gravidade. Na capital, os pacientes graves com este transtorno são atendidos nos Caps III e no Caps II. No interior, o serviço é oferecido nos municípios de Alto Alegre, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Mucajaí, Rorainópolis e Pacaraima, através do Caps I”, destaca.
Ela salienta, ainda, que os pacientes que estão estáveis em uso de suas medicações e casos moderados e leves que não costumam necessitar de acompanhamento multidisciplinar são atendidos no serviço ambulatorial de psiquiatria da CMECM (Clínica Médica Especializada Coronel Mota), por meio da UBS (unidade básica de saúde) mais próxima da casa do paciente. Após uma conversa com o médico geral, a pessoa é encaminhada para os atendimentos necessários.
A psicóloga reforça que, mantendo o acompanhamento, é possível levar uma vida saudável e produtiva. “A adesão ao tratamento é a principal forma de garantir uma vida mais saudável. Por meio dele, é possível reduzir as chances de crises recorrentes, de viradas maníacas e manter a observação das alterações no humor antes que elas fiquem muito graves. Ainda não se fala em cura para o transtorno afetivo bipolar, mas o controle é possível, assim como uma vida saudável e uma rotina comum”, explica a psiquiatra.