A automedicação tem se tornado um hábito cada vez mais comum entre a população mundial. Dados do Conselho Federal de Medicina indicam que 77% dos brasileiros fazem o uso de medicamentos sem qualquer orientação médica. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 18% das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação, e 23% dos casos de intoxicação infantil estão ligados a ingestão acidental de medicamentos armazenados em casa de forma incorreta.
Entre os medicamentos mais utilizados estão os analgésicos, como o ibuprofeno e a dipirona. Contudo, o que muitos desconhecem são os efeitos adversos que o consumo excessivo destes medicamentos pode causar ao organismo a longo prazo.
O ibuprofeno, um anti-inflamatório não esteroide (AINE), é amplamente utilizado devido à sua capacidade de aliviar a dor e reduzir a inflamação. No entanto, diversos estudos científicos têm alertado sobre os riscos associados ao seu uso contínuo. Uma pesquisa publicada no “Journal of Epidemiology and Community Health” destacou que o uso prolongado de AINEs, como o ibuprofeno, pode aumentar o risco de ataque cardíaco.
A dipirona, por outro lado, é um analgésico e antipirético que, quando usado de forma inadequada, pode causar agranulocitose – uma condição grave caracterizada pela diminuição de glóbulos brancos no sangue, aumentando a vulnerabilidade a infecções.
Dependência e outros efeitos
Não se trata apenas dos riscos físicos. O uso contínuo e indiscriminado desses analgésicos pode levar a um ciclo de dependência, onde o indivíduo passa a consumi-los não apenas por necessidade, mas como um hábito.
A longo prazo, o consumo excessivo pode causar danos renais, hepáticos e gastrointestinais. O “British Medical Journal” publicou um estudo que mostra que o uso regular de analgésicos, especialmente o ibuprofeno, está associado a um aumento no risco de úlceras gástricas e hemorragias.
Diante de dores persistentes, a recomendação é sempre procurar orientação médica. Somente um profissional de saúde tem a capacidade de avaliar a necessidade e a dosagem adequada de qualquer medicamento. Além disso, ele pode identificar possíveis interações medicamentosas e riscos associados ao histórico de saúde do paciente.