Popularizados há cerca de 15 anos, os smartphones mudaram completamente a maneira com a qual interagimos com pessoas e, principalmente, com informações. Como toda tecnologia, o uso excessivo destes aparelhos pode trazer danos à saúde física e mental, de maneiras diretamente relacionadas. Para falar sobre o assunto, a FolhaBV entrevistou o especialista em quiropraxia, Agnaldo Santos e a psicóloga, mestranda em Psicologia Clínica e da Saúde, Lauryjane Cunha.
É muito provável que você esteja lendo essa matéria de um celular. Se a tela do aparelho estiver na altura dos seus olhos, está tudo bem. Se o seu dispositivo estiver abaixo do seu campo de visão, sendo necessário que você curve sua cabeça para baixa para utiliza-lo, você corre risco de desenvolver o text neck – síndrome do pescoço de texto em inglês.
Os pacientes acometidos com a síndrome do pescoço de texto relatam uma série de desconfortos na região cervical, incluindo:
- dor no pescoço;
- dor de cabeça recorrente;
- sensação de peso no ombro;
- dor crônica na região superior das costas;
- baixa mobilidade cervical;
- desvio na coluna vertebral;
- formigamento nos braços;
- sensação de queimação no pescoço e ombros.
De acordo com Agnaldo, a síndrome pode ainda se agravar, com o paciente desenvolvendo problemas crônicos de saúde.
“Os prejuízos para o corpo são inúmeros hérnias de disco, degeneração das vértebras, compressão dos discos vertebrais, artrite precoce, redução da mobilidade do pescoço são apenas alguns entre eles”, aponta.
Ele explica que a gravidade da síndrome do pescoço de texto e a intensidade dos sintomas vão depender diretamente dos hábitos de uso desses dispositivos eletrônicos, principalmente grau de flexão do pescoço, tipo de tarefa realizada no dispositivo e frequência e duração dessa postura inadequada.
O massoterapeuta acrescenta que, a depender da quantidade e qualidade das informações que são consumidas por meio das telas dos dispositivos móveis, a tensão muscular pode ser acentuada, criando um ciclo ansioso prejudicial à saúde física e mental.
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“A posição incorreta tenciona os músculos de maneira prejudicial. Isso se agrava com quantidade de informações com as quais somos bombardeados na internet, sejam em sites de notícias ou redes sociais. Nosso corpo e mente não estão preparados para esses danos e muitas vezes nos deparamos com conteúdos que não nos fazem bem, o que piora o problema”, aponta.
A psicóloga Lauryjane Cunha estabelece a ligação entre a saúde física e emocional e aponta que o uso inadequado e excessivo do aparelho celular pode trazer danos à saúde mental.
“A internet é extremamente ansiogênica. Então é importante que saibamos controlar a ferramenta para que ela não nos controle. Deve haver equilíbrio no tempo de uso uma vez que, a depender do conteúdo que é consumido, pode gerar a angústia, o sofrimento e, por consequência, a tensão”
A psicóloga pontua alguns dos problemas que podem ser desenvolvidos pelo uso indiscriminado do aparelho celular. ” Os danos são inúmeros: ansiedade, depressão, isolamento, fadiga, estafa mental, além do adoecimento físico. Tudo por conta do uso excessivo e inadequado dessa tecnologia”.
Além da postura adequada, como apontado por Agnaldo, a terapeuta orienta a otimização do tempo de uso do aparelho celular.
“Estabelecer um tempo limite para o uso do celular é um caminho para diminuir os prejuízos desse hábito. Além disso, inserir novas práticas na vida é essencial. A atividade física, o esporte, momentos com amigos. Tudo isso pode ajudar. Quando você percebe que a dependência do dispositivo está fora do seu controle, aí sim é o momento para procurar a ajuda profissional”, finalizou.
Redução de danos
Além da administração adequada do tempo de tela, indicada pela psicóloga, o massoterapeuta Agnaldo indica um exercício de alongamento para diminuir a tensão causada pela postura inadequada e estimular a mobilidade da região. Confira o gráfico:
