Uma recente pesquisa publicada na revista European Heart Journal revelou que o xilitol, um adoçante de baixa caloria amplamente utilizado como substituto do açúcar, pode aumentar o risco de ataques cardíacos e derrames. Utilizado em diversos produtos como alimentos, chicletes e pastas de dente, o xilitol agora está sob alerta devido a seus possíveis efeitos adversos à saúde cardiovascular.
O Que é o Xilitol e como é usado?
O xilitol é um tipo de adoçante natural encontrado em muitas frutas e vegetais, sendo frequentemente utilizado em alimentos industrializados como uma alternativa ao açúcar. Ele é especialmente popular em produtos como chicletes, doces, pastas de dente e enxaguantes bucais, devido às suas propriedades que combatem as cáries dentárias e ao seu baixo índice glicêmico, o que o torna uma escolha atrativa para diabéticos e pessoas preocupadas com a saúde.
Riscos associados ao Xilitol
De acordo com a pesquisa conduzida pela Cleveland Clinic, maiores ingestões de xilitol foram associadas a um risco elevado de eventos relacionados à formação de coágulos sanguíneos, como ataques cardíacos e derrames. O estudo analisou amostras de plasma de mais de 3 mil participantes ao longo de três anos. Os resultados mostraram que um terço dos pacientes com a maior quantidade de xilitol no sangue tiveram mais probabilidade de sofrer um evento cardiovascular.
Para confirmar esses achados, foram realizados testes pré-clínicos em animais. Esses testes revelaram que altas doses de xilitol causaram um aumento na coagulação das plaquetas, o que pode levar a casos de trombose, uma condição onde coágulos bloqueiam a circulação sanguínea em determinadas regiões do corpo.
Este não é o primeiro estudo a ligar adoçantes artificiais a riscos cardiovasculares. Em fevereiro do ano passado, um estudo publicado no Nature Medicine encontrou uma relação semelhante com o eritritol, outro adoçante artificial.
Opiniões dos especialistas
Especialistas em saúde, como o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMeN) em São Paulo, enfatizam que as evidências, embora preocupantes, ainda são preliminares. “Existem evidências, mas por enquanto fracas, em relação ao consumo de adoçantes artificiais e hiperagregação plaquetária. Mais estudos precisam ser feitos observando principalmente dose, quantidade e o efeito real. Sabe-se que essa hiperagregação é influenciada por diversos fatores, como hora do dia, peso, idade,” afirma Magnoni. Ele aconselha evitar o consumo excessivo de adoçantes artificiais.
O pesquisador da Cleveland Clinic que liderou o estudo, Stanley Hazen, também destaca a necessidade de mais pesquisas. Em comunicado, Hazen menciona que os achados mostram “a necessidade imediata” de mais investigações sobre os edulcorantes artificiais. Ele ressalta que os resultados não significam que devemos evitar completamente produtos que contenham xilitol, como a pasta de dente, mas que devemos estar cientes dos possíveis riscos associados ao consumo elevado.
Além disso, um estudo publicado em março deste ano na Circulation: Arrhythmia and Electrophysiology, da Associação Americana do Coração, encontrou uma ligação entre bebidas adoçadas artificialmente e um risco aumentado de fibrilação atrial, uma condição que afeta a circulação sanguínea devido a uma frequência cardíaca irregular e muitas vezes acelerada.