Você já pensou em passar um mês em cada capital do Brasil para expandir os horizontes e conhecer a cultura de cada lugar? Esse é o propósito do projeto Desbravando Capitais, de Fabiana Mercado, de 35 anos, e Gustavo Longo, de 40 anos. Eles são casados há 16 anos e, há três, decidiram deixar a cidade natal, Bauru, interior de São Paulo, para viajar por todo o país.
Ao todo, eles já chamaram 19 capitais de “casa” e, há três semanas, o lar da vez tem sido Boa Vista. O casal contou à Folha as primeiras impressões sobre a cidade e a experiência de viver por um mês na capital roraimense.
“É uma cidade organizada, limpa, e que inspira a fazer esporte, tem esse complexo Ayrton Senna que eu não vi em lugar nenhum. Gostamos de fazer trilha, então fomos lá para a Serra Grande, no Cantá. É uma cidade que eu não parei em nenhum momento e, por ela ser plana, alugamos uma bicicleta e ficamos andando por aí. Já fomos em alguns restaurantes e visitamos vários parques, como o Parque Rio Branco e o Mirante, assim como o cinema e a feira orgânica da Amoca. As pessoas também são muito acolhedoras, em alguns momentos até achamos um pouco estranho”, afirmou o casal.
Fabiana é publicitária e Gustavo, analista de TI. As profissões de ambos são exercidas por meio de home office, o que possibilita o nomadismo, estilo de vida em que as pessoas não possuem habitação fixa. A rotina, segundo eles, funciona da seguinte forma: em horário comercial, o foco é o trabalho, mas, após o expediente, aproveitam para curtir o que há em cada cidade.
Por estarem na cidade no mês de junho, o casal de nômades pôde conferir a tradicional festa junina de Boa Vista. Além de experimentar as comidas típicas, como a paçoca de carne de sol, Fabiana ainda partipou de ensaios de um grupo de quadrilha junina que se apresentou no Boa Vista Junina 2024.
“Participei de alguns ensaios da Evolução Junina, porque queria me apresentar junto com eles, mas não deu certo. Não consegui pegar a coreografia a tempo. A cultura de arraial aqui é realmente bem intensa”, disse a publicitária.
Viagens com ‘perrengues’
Desde 2022 viajando, Fabiana e Gustavo foram em diversos lugares, experimentaram comidas diferentes e conheceram novas culturas. Entretanto, também já viveram alguns “perrengues” nas capitais em que moraram. Na estrada para Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, foram dois pneus furados ao mesmo tempo. Em Boa Vista, um quase ataque de cachorros.
“Quando chegamos aqui, nas primeiras semanas, queríamos conhecer algum espaço de memória, então fomos da Praça das Águas até a Universidade Federal [de Roraima] caminhando. Uma cachorrinha foi nos acompanhando o caminho todo, até chegarmos na UFRR e aparecerem uns oito cachorros grandes, que nos cercaram e não paravam de latir. A gente chegou a fugir, com medo de nos atacarem, mas a cachorrinha sumiu e acabou ficando lá, cercada pelos outros. Então, voltamos lá, espantamos os cachorros e fomos para a praça de novo com ela”, explicou Gustavo.
Dicas para futuros viajantes
Para quem se interessa em adotar o mesmo estilo de vida e desbravar as capitais ou outros lugares do país, Fabiana e Gustavo listam dicas, com base nas experiências que viveram ao longo dos últimos três anos de projeto. Confira:
- Estar aberto a conhecer o que a cidade oferece: “Tem que procurar conhecer coisas diferentes e não se fechar em uma única visão. Tente viver como um morador daquele lugar”.
- Se organizar financeiramente: “Inicia com um orçamento de como seria se você fosse pra um determinado lugar, veja valores de hospedagem, alimentação, transporte, atividades, entre outros”.
- Conversar com moradores e tentar fazer conexões
O casal de viajantes compartilha mais sobre o projeto no perfil do Instagram, no qual buscam “fazer a propaganda do Brasil para o brasileiro”. Eles vão ficar mais uma semana em Boa Vista, antes de irem para o próximo destino: Manaus, capital do Amazonas.
Após conhecerem todas as capitais, meta que deve ser atingida até o próximo ano, eles planejam retornar para a cidade natal e iniciar um novo projeto: ter o primeiro filho. “No futuro, queremos voltar para algumas cidades que não conseguimos explorar tudo, Boa Vista é uma delas”, finalizou Gustavo.