Cultura

A arte de transformar a realidade em miniaturas

A palavra customização é empregada no sentido de personalização, adaptação, adequação ou transformação de acordo com o gosto ou necessidade de alguém. A customização também se torna sustentável, já que as peças são reutilizadas.

No mundo do colecionismo de figuras de ação, como os G.I. Joe’s (conhecidos no Brasil por Comandos em Ação), Star Wars (Guerra nas Estrelas), personagens dos quadrinhos da Marvel e DC Comics, dinossauros ou qualquer adaptação dos cinemas, Saulo Jorge e Rafael Jorge são referências quando se fala em customização.

Seus trabalhos já lhe renderam bons negócios a partir das exposições em eventos de colecionismo em Roraima e principalmente a divulgação e venda para outros estados do Brasil e exterior.

O talento dos dois, aliado a uma paixão de infância, trouxeram-no ao mundo da customização, onde são criados, por exemplo, heróis e vilões personalizados conforme os desejos de seus clientes, que buscam personagens em ação ou cenários que nunca foram lançados na coleção oficial.

O serviço é lento, mas repleto de detalhes que se justificam na qualidade de seu trabalho e que hoje estão expostos em coleções particulares no mundo todo. Nessa entrevista exclusiva, o artista plástico Saulo Jorge revela os segredos de sua profissão. Confira!

Quando surgiu, em sua vida, o trabalho de criação de peças colecionáveis e customização de brinquedos?

Surgiu da necessidade de ter certos personagens e acessórios que eu e meu irmão não tínhamos nos brinquedos. Desde criança colecionávamos G.I. Joe’s e Star Wars, e durante as brincadeiras, sentíamos falta de ter, por exemplo, um bunker, onde os G.I. Joe’s atacariam o inimigo nos conflitos. Depois, veio a influência do cinema, quadrinhos, jogos e de nossos tios, que também são artistas e colecionadores. Isso nos levou a desenvolver habilidades e o gosto pelas customizações, e sempre tivemos a curiosidades de experimentar novos materiais e novas técnicas.

Hoje você e seu irmão trabalham juntos com artes plásticas e atualmente montaram o Estúdio 51. Qual o objetivo?

Percebemos que estava na hora de levar o hobby a sério, profissionalizar-nos. Então criamos o Estúdio 51 como uma forma de mostrar o desenvolvimento de nossos projetos, nossa identidade e serviço.

O que vale mais: Técnica ou Imaginação?

Os dois, mas primeiro com a imaginação é que conseguimos criar a ideia, o conceito da arte, do que vai ser feito, e depois surge a técnica, que é por onde materializamos o imaginado.

Quais de seus trabalhos você considera o mais importante e por quê?

Até agora, todos. Pois cada um rendeu novas experiências, novas formas de criar e desenvolver, e hoje podemos afirmar que somos ecléticos na criação das esculturas.

Como é o seu contato com jogos e quadrinhos? Qual deles te atrai mais?

Tenho mais preferência pelos personagens da Marvel. Gosto também de jogos de fantasia e principalmente de jogos de guerra, que envolvem bastante estratégia.

Quais os maiores desafios que os projetos costumam apresentar?

Inicialmente, é a falta de matéria-prima, que usamos para produzir os trabalhos. Muitos materiais são pedidos de outros estados, além da demora de envio.

Há algum modelo que você ainda não reformou ou customizou e ainda está à procura?

Sempre haverá o que ser customizado ou reparado, e isso é o que nos anima a trabalhar com esculturas.

Quanto tempo leva para concluir um projeto?

Varia de trabalho. Alguns requerem mais tempo devido à complexidade, outros são mais simples, mas, em média, 30 dias.

Como você recebe os pedidos de clientes?

Muitos são feitos pela internet, encomendas de amigos que nos ligam ou trazem até a oficina e também tem aqueles que fazem nos eventos Geek e Nerds que participamos.

Quais são seus projetos para 2015 na área da escultura e modelagem?

Para este ano estamos dando continuidade às encomendas, reparos e pinturas, e logo estaremos apresentando também o Hulk Avengers Movie, e para dezembro, uma figura especial do Star Wars episódio VII.

Há algum fato curioso de que você se recorda, que tenha envolvido algum dos projetos em que trabalhou?

Certa vez, estávamos esculpindo uma figura musculosa, na verdade, estudando o físico do ator Arnold Schwarzenegger. Daí uma pessoa que presenciou o fato, imaginou outra situação: A de que estaríamos somente apreciando a foto de um homem de cueca (risos).

Da brincadeira à profissionalização

Há quase dois anos o comerciante Tom Neves iniciou os trabalhos de customização de carros em miniatura e a de criar dioramas personalizados para incrementar ainda mais a “brincadeira” de adulto que tem como hobby e também como profissão.
Tom é um dos maiores colecionadores de brinquedos de Roraima e uniu essa paixão à customização.

“Resolvi pintar algumas das minhas miniaturas para melhorar alguns aspectos. Daí eu fui me aprofundando em pesquisas sobre customizações. Foi o início de uma grande “brincadeira profissional”, ressaltou.

E essa brincadeira de gente grande não tem animado somente o Tom, mas muita gente que curte trabalhos de customização.

“Os carros foram o estopim e hoje também crio cenários no computador, depois imprimo o resultado em papel e colo as partes para que os dioramas se transformem no ambiente do carrinho”.

Tom tem divulgado seus projetos nas redes sociais, como na Garagem do Tom no facebook e em exposições como o Diecast RR, Evento que reúne colecionadores de brinquedos em Roraima.

“Tenho produzido trabalhos para muitos colecionadores e de diversos Estados. Além de personalizações exclusivas para os eventos”.