Artista estreia com mixtape sobre sua trajetória no garimpo

Em busca de oportunidades, Zaqueu Costa, encontrou no garimpo roraimense um ouro um pouco diferente, o rap. No dia 24 de março, o artista mais conhecido como Bzack, de 33 anos, lança em todas as plataformas de streaming, sua mixtape de estreia, “Quadra de ases”.

O título faz referência ao jogo de poker, que segundo o rapper, representa uma jogada inesperada. “Peguei essa ideia e canalizei ela em relação ao que eu vou lançar, que é algo novo. Uma surpresa de um material louco”.

Com quatro faixas, a mixtape traz um som introspectivo e com uma narrativa de superação do rapper, que percorreu um longo caminho até conquistar o seu espaço no cenário musical local.

“Todas as faixas têm algo em comum, que é a projeção de algo que eu quero, que eu conquistei ou gostaria de ter”, afirma o rapper.

Bzack abre a mixtape com a faixa “Mestre dos desejos”, que fala sobre como a música pode proporcionar uma boa qualidade de vida para quem também escolher viver do rap. Já na faixa “Miragem”, ele conta sobre a concretização do sonho de trabalhar com fazendo o som que gosta.

Em “Respeita minha caminhada”, o artista faz uma crítica às pessoas que tanto discriminam o rap nacional, dizendo a elas que é possível conquistar o que se almeja mesmo através de um gênero ainda hoje marginalizado.  

O Rapper finaliza com a faixa “Crime perfeito”. Segundo ele, a canção é uma sátira à censura ao rap. “O rap ainda é tratado como música de criminoso e muito cara aí conquistou uma a qualidade de vida bacana só fazendo um som, já que não tem como prender prendê-lo só porque ele canta rap”, destacou.

Para comemorar o lançamento da mixtape, o artista realizará no dia 26 de março, um show no Estúdio Parixara, localizado na avenida Presidente Castelo Branco, no bairro São Vicente. O trabalho faz parte do selo musical Parixara.

 A TRAJETÓRIA

Apesar de não ser o seu primeiro trabalho de estúdio, Bzack destaca  “Quadra de ases” como um marco na sua carreira, a começar pela produção da mixtape realizada durante o período de pandemia, que foi um verdadeiro desafio.

“Tive dificuldades até ter acesso ao estúdio, pois não tinha grana. Dentro da pandemia foi quando tudo começou a acontecer”, relata. Ele afirma ainda que o trabalho só foi possível graça a ajuda de um grande amigo, o produtor musical Bebeco Pujucan.

“Sou muito grato ao Bebeco. Conheci ele em 2020. Na época eu estava sem dinheiro e com dois filhos para criar. Falei a ele da minha situação e disse que iria para o garimpo tentar conseguir dinheiro, e o máximo que consegui foram cinco malárias durante os quatro meses que passei na região do Uraricoera”.

Ao retornar para Boa Vista, desempregado, o rapper foi convidado por Bebeco para trabalhar no Estúdio Parixara, onde também passou a estudar mais sobre música, com aulas de canto.

Apesar do pouco tempo de profissionalização, Bzack deu os primeiros passos dentro do rap ainda na adolescência. “Minhas primeiras composições foram com 14 anos e comecei a ganhar uma notoriedade de 2019 pra cá, com batalhas de rua”.

Ao relembrar a sua trajetória, o rapper diz como o começo foi difícil e hoje comemora a vida de músico. “Lá atrás eu batalhava por um cachorro quente, sanduíche, um pacote de calabresa. Agora eu digo que vivo da música. Pra mim foi um salto muito grande.